Era da eletromobilidade ainda não chegou aos condomínios; veja os desafios
Num momento em que cresce a adesão aos veículos elétricos, o Brasil convive com um problema: a falta de estrutura para a eletromobilidade.
Num momento em que cada vez mais as montadoras (e a sociedade) aderem ao mercado de veículos elétricos, o Brasil ainda convive com um problema: a falta de estrutura para esta nova era, da eletromobilidade.
Segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), no último ano, as vendas destes veículos, somada aos híbridos e híbridos plug-in, cresceram 77% em relação ao ano anterior, somando 34.990 unidades. Porém, não é em todos os condomínios residenciais que é possível recarregar os veículos.
Condomínios têm de se preparar para a era da eletromobilidade
Para Ricardo David, sócio-diretor da Elev, empresa de soluções para a eletromobilidade, o debate tem que começar a ser feito pensando na demanda atual e na demanda futura. “Para atender os proprietários dos veículos elétricos, é necessário uma análise técnica dos condomínios, com o objetivo de instalar carregadores segundo a sua demanda”, afirma.
O especialista explica que não basta apenas conectar o carro na tomada, como muitos pensam. Outra questão a considerar é a voltagem e o valor da eletricidade – que tem subido muito nos últimos meses. Por isso, para o carro elétrico ser carregado nos condomínios, o debate deve envolver todos os moradores.
“Você pode ter carregadores privados, que podem ser solicitados por um morador específico, ou você pode prestar o serviço de carregamento de forma coletiva”, explica David.
“Atualmente os carregadores mais modernos, além da segurança e do baixo custo de manutenção, também apresentam estatísticas de uso, que podem ser ferramentas úteis no compartilhamento”, afirma.
Para David, o conceito é similar ao aplicado em outras áreas comuns, como quadras esportivas e piscinas, em que há um controle de horas, por meio de cronogramas de uso:
“O proprietário do veículo poderá ter a segurança de carregar seu veículo em casa, e utilizar o carregador para controlar o tempo usado e pagar pelo que ele consumiu”, diz.
Aumento da demanda exige planejamento
Os carros elétricos são cada vez mais procurados, principalmente com o aumento do preço dos combustíveis fósseis. Com isso, e com o incentivo do governo e do mercado, eles podem se popularizar cada vez mais nos próximos anos.
“É claro que é necessário um estudo para cada caso, mas atualmente sabemos que há essa demanda em grandes centros urbanos, como São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Brasília”, ressalta o especialista.
“Nesses locais, os novos empreendimentos já colocam o carregador de carros elétricos como um diferencial na hora da venda de um novo imóvel”, completa.
Reservar cerca de 5% das vagas do condomínio para os eletrificados pode ser uma solução
Se as projeções se realizarem, reservar cerca de 5% das vagas do condomínio para os eletrificados pode ser uma solução. David, no entanto, reitera que é necessário um estudo técnico de toda a localidade, pois “temos condomínios antigos que não têm suficiente estrutura de rede elétrica para essa nova demanda”.
Para os moradores, síndicos e proprietários de imóveis que têm dúvidas sobre o tema, a Elev Mobility disponibilizou em seu site uma cartilha gratuita, em forma de e-book, em que dá respostas para os principais questionamentos dos consumidores.
Jornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.