Economistas explicam porque o carro no Brasil é tão caro

Profissionais destacam os altos impostos cobrados no país como fator determinante para os preços superiores a outros mercados, como o americano

Você já deve ter se deparado com diversos comparativos de preços de carros no Brasil e em outros países. Não é novidade que os veículos vendidos em território nacional não são dos mais baratos. O motivo, no entanto, pouca gente sabe ao certo. Procurados pela reportagem do Garagem 360, especialistas em economia citaram a alta carga de impostos brasileiros como principal razão para explicar a diferença de valores daqui e do exterior.

O economista Miguel de Oliveira, diretor executivo de estudos e pesquisas econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), também apontou as taxas tributárias cobradas no país como o  motivo primordial para a diferença nos preços, mas citou outras razões para o alto valor. “A mão de obra aqui é mais cara do que no exterior e a competitividade do mercado automobilístico nos Estados Unidos é maior, exigindo que as montadoras abaixem os preços.”

Um levantamento feito pelo Garagem 360 com cinco automóveis diferentes comercializados no Brasil, nos Estados Unidos e no México mostra que o brasileiro é quem mais precisa abrir a carteira para adquirir um veículo zero quilômetro atualmente.

 

Devido ao fato de que em mercados internacionais alguns modelos contam com opcionais não disponibilizados no território nacional e vice-versa, a pesquisa considerou a versão mais básica dos carros, mas sempre com a mesma motorização. A exceção foi o Golf (*). A opção mais simples do compacto da Volkswagen é vendida com motor 1.8 nos Estados Unidos, mais potente do que o 1.4 comercializado no Brasil e no México.

Para o economista Moises Bagagi, diretor financeiro da empresa M2BS, os preços quase abusivos cobrados aqui são formas do governo brasileiro se recuperar de um momento instável. “O Brasil é um dos países onde a carga tributária mais pesa na economia e com os níveis de juros reais dos mais altos do mundo. É como se o governo punisse com impostos muito altos as empresas que produzem”, analisa.

Apesar de concordar com Oliveira na opinião de que a carga tributária é altíssima, Bagagi fez questão de lembrar que outros fatores também incidem no preço praticado no país. “Muitos insumos produtivos e maquinários precisam ser importados, e com o real desvalorizado frente ao dólar, o preço sofre aumento”, diz. Ele ainda cita o valor dos serviços de logística rodoviária que, na opinião dele, “são caros e ineficientes”, e a margem de lucro das montadoras e das concessionárias, que estão entre as mais altas do mundo.

Escrito por

Rodrigo Loureiro

Rodrigo Loureiro é repórter do site Garagem 360 e da Agência Entre Aspas. Em 2014 atuou na redação do portal UOL Esporte e também já escreveu para as editorias de tecnologia e turismo de outros portais e publicações.

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