Detran do Espírito Santo determina uso de simuladores de direção

Utilização do equipamento nas cidades capixabas será obrigatória a partir de 1º de janeiro de 2016

A partir de janeiro de 2016, quem for tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) na categoria B terá de cumprir as aulas práticas realizadas nos simuladores de direção. A determinação é do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), por meio da resolução nº 543, publicada em 20 de julho deste ano. E o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) do Espírito Santo publicou nota no Diário Oficial do Estado com a Instrução de Serviço nº 189, que regulamenta o uso dos equipamentos nos Centros de Formação de Condutores de todas as cidades capixabas a partir do dia 1º.

“Em todo o Brasil, já temos milhares de simuladores em funcionamento nas autoescolas. Estados como São Paulo, por exemplo, já os operavam em caráter facultativo e, desde 14 de dezembro de 2015, passaram a ser obrigatórios”, explica Sheila Borges, diretora de operações da ProSimulador, uma das empresas homologadas pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) para a distribuição de simuladores no Brasil.

A portaria, assinada por Jose Eduardo de Souza Oliveira, diretor-geral do Detran/ES, determina todas as especificações técnicas necessárias para a implantação da resolução do Contran, como o número de aulas a serem aplicadas, o espaço físico necessário para a instalação do aparelho e o processo de atuação dos instrutores.

Mitos e verdades

Os simuladores treinam os condutores em situações adversas, como cenários de rodovias, chuva e neblina|Foto: Freeimages

O simulador veicular vai tornar o processo mais caro

Mito. Os custos para os alunos dos Cursos de Formação de Condutores (CFCs) não devem aumentar, pois não haverá elevação da carga horária, e sim a substituição da parte prática em vias públicas por aulas nos simuladores. Além disso, não há necessidade de investimento inicial por parte do CFC, já que no mercado existem opções em que ele só paga pela aula ministrada.

Estudos realizados no Estado do Rio Grande do Sul – que adotou a obrigatoriedade há um ano – comprovam que houve a redução no custo médio para obtenção da CNH, por conta da diminuição do número de aulas práticas realizadas pelos alunos e pelo aumento no índice de aprovação no exame prático.

O uso do simulador veicular aumenta a segurança no trânsito

Verdade. Os simuladores são eficientes para reduzir esse risco, já que treinam os condutores em situações adversas, como cenários de rodovias, chuva e neblina, entre outros. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, essas são as maiores causas de acidentes.

Além disso, a modernização do método de ensino e o aumento de fiscalização no processo de formação dos condutores são passos importantes para reduzir o número de acidentes. O simulador faz parte desse processo como um facilitador que permite melhor fixação do conteúdo aprendido no curso teórico, já que os alunos são impactados com alertas a todas as infrações e erros cometidos durante o trajeto. E eles também recebem relatórios ao final das aulas.

Outras vantagens do equipamento no processo de aprendizado são com relação à padronização, melhor formação técnica e maior segurança do processo, com sistema de validação biométrica do instrutor e do aluno, garantindo, assim, que o futuro motorista tenha uma formação completa.

As aulas no simulador colocam o aluno em situações que não acontecem nas aulas práticas tradicionais

Verdade. O equipamento tem como objetivo treinar o aluno para que ele possa reagir de forma correta e segura, bem como fixar o conteúdo teórico aprendido, simulando cenários próximos à realidade e que treinam o cérebro de forma mais efetiva, as quais ele não poderia ser submetido em vias públicas, por motivos de segurança.

Não há dados que comprovem a eficácia dessa tecnologia

Mito. Os resultados obtidos no estado do Rio Grande do Sul, onde os simuladores foram aplicados em mais de um milhão de aulas, mostraram que houve a redução do número de reprovação no exame de prática de direção veicular. Eles também indicaram que os candidatos chegam mais preparados e seguros à fase final do processo de habilitação. Os mesmos resultados foram percebidos no Acre, estado que aderiu ao equipamento há um ano.

Método de ensino é importante para reduzir o número de acidentes |Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil (26/06/2014)

Essa regra só existe no Brasil

Mito. A experiência e os estudos realizados em países como Austrália, Bélgica, Reino Unido, Canadá, Nova Zelândia, Holanda, Estados Unidos e Espanha apontam que o aprendizado por meio da condução simulada é a solução para formar novos condutores sem oferecer grandes riscos de acidentes, uma vez que o cenário para a condução e a exposição ao risco podem ser simuladas de maneira controlada, repetitiva, mensurada e sem riscos.

O treinamento simulado educa o motorista, acelera o processo de aprendizagem e aumenta o nível do discernimento dos riscos da condução, ajudando os condutores novatos a adquirirem habilidades de direção mais seguras antes de conduzir na vida real. Os estudos aprofundados realizados pela Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, que há anos pesquisa a formação por meio de simuladores de direção, e que é referência mundial no tema, parabenizou o Brasil pela iniciativa de transformar a utilização obrigatória do simulador na formação de novos motoristas.

Não houve discussão sobre o assunto

Mito. Desde 2009 o tema é debatido em Câmaras Temáticas e diversas Audiências Públicas foram realizadas na Câmara Federal. O Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) também visitou os Detrans de todo país, além de Sindicatos de Autoescolas locais, para que as particularidades regionais fossem contempladas, além dos debates no Fórum Consultivo. No âmbito acadêmico, a Federal de Santa Catarina (UFSC) realizou debates ampliados e promoveu discussões envolvendo a Federação Nacional das Auto Escolas Centro de Formação de Condutores (Feneauto), os sindicatos regionais e as autoescolas.

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Escrito por

Talita Morais

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