Descarbonização do setor automotivo; Anfavea aponta desafios do Brasil
Com números do Boston Consulting Group (BCG), a Anfavea divulgou na última terça os desafios para o futuro dos carros elétricos no Brasil.
Nos últimos meses, diversas montadoras divulgaram seus planos de eletrificação de suas linhas. Todas eles possuem o desejo de tornar o trânsito um lugar mais sustentável. Mas para isso dar certo, as entidades locais também precisam seguir o mesmo caminho, como a Anfavea.
Na última terça-feira (10/08), foi a vez da Anfavea divulgar seus desafios para o futuro do Brasil. Segundo ela, o País precisará investir mais de R$ 150 bilhões até 2035 em tecnologia e infraestrutura para os “carros verdes”.
A revelação aconteceu durante um seminário realizado pela entidade que representa os fabricantes. Nele estavam presentes diversas autoridades. Dentre elas, representantes do poder público, representantes de empresas e outras pessoas ligada ao meio.
Desafios do Brasil na descarbonização do setor automotivo
Durante o evento “ANFAVEA: O Caminho da Descarbonização do Setor Automotivo”, foram mostrados alguns possíveis cenários para a indústria e comercio. Todos eles tem como objetivo o crescimento do setor de veículos elétricos (e híbridos). Porém, cada um com suas consequências. Os números aqui mostrados são resultados da pesquisa feita pela empresa Boston Consulting Group (BCG).
O “inercial”, por exemplo, consiste em seguir o que já acontece por aqui. Ou seja, um país com pouco incentivos ao uso de carros elétricos e sem metas estabelecidas.
Apesar de pequeno (em comparação a outros países), o número de veículos do tipo vendidos (elétricos e híbridos) seriam maiores. Isso significa que até 2030, carros com motores eletrificados representariam 12% da venda de veículos novos.
Um aumento percentual de 20 pontos é previsto para acontecer cinco anos seguintes. Isso pode significar que a fatia seria de 32% em 2035. Vale lembrar que a participação atual é de 1%.
Enquanto isso, o plano “Convergência Global” poderia aumentar a oferta e a procura dos veículos. E os números apresentados mostram ser bastante ambiciosos. De acordo com a entidade que representa as fabricantes, a participação atingiria os 22% em 2030. Já em 2035, ela seria de 62%. Colocando o país bastante próximo de países da América do Norte e da Europa.
Mas o governo também precisaria colaborar. Os cenários de descarbonização necessitam que o pode público faça com que o trânsito de veículos a combustão seja diminuido. Caso contrário, a redução de CO2 será limitada. Além disso, é necessário que ele estabeleça a criação de incentivos para o público. Dentre eles, o estudo destaca
- Bõnus aos compradores;
- Menor tributação
- Descontos (pedágio, zona azul e entre outros)
- Financiamentos com métrica ESG
- Investimento de R$ 14 bilhões na construção de carregadores
- Investimento na geração/distribuição de energia
Motor Flex como protagonista
Os carros Flex são os mais queridos do País desde a primeira parte do século. E eles são os protagonistas do cenário “Protagonismo de Biocombustíveis”. Caso o caminho seguido seja este, o Brasil se tornará em uma das principais referência em motores Flex do mundo.
Mas o foco central iria para os combustíveis verdes e não só para a eletrificação. Ou seja, os números do mix de vendas de “carros verdes” seriam os parecidos da fase “inercial”. Já a participação de carros que podem abastecer tanto com gasolina quanto com etanol aumentariam, conforme a ANFAVEA. Eles seriam de:
- Veículos leves: 53% em 2030 e 61% em 2025
- Veículos pesados: 25% em 2030 e 30% em 2035
“É hora de unir esforços de todos os setores envolvidos com a cadeia de transporte terrestre no país e de todas as esferas do poder público para definir o que queremos, respeitando as vocações de nossa indústria e as particularidades do nosso país-continente”, falou o Presidente da ANFAVEA.
“Só com essas definições de metas é que os investimentos corretos poderão ser feitos, colocando o Brasil em um caminho global que não tem mais volta, que é o da redução das emissões dos gases de efeito estufa. Temos essa obrigação para com as futuras gerações”, concluiu.
Baterias
Além disso, o investimento em todo um ecossistema elétrico seria necessário. Ele envolveria centros de pesquisa, desenvolvimento de fornecedores e outros. Uma coisa boa é que poderia abrir um leque de oportunidades. A fabricação de baterias de lítio, por exemplo, é uma delas. E matéria prima não falta para isso.
Jornalista graduado pela Universidade Metodista de São Paulo em 2017. Redator do Garagem360 desde 2021, onde acumula desde então experiência e pesquisas sobre o setor automotivo. Anteriormente, trabalhou em redação jornalística, assessoria de imprensa, blog sobre futebol e site especializado em esportes.