Demissões na Caoa Chery: Sindicato consegue suspender cortes na Justiça

A Justiça do Trabalho concedeu liminar suspendendo as Demissões na Caoa Chery de 580 trabalhadores na em Jacareí (SP). Veja detalhes

A Justiça do Trabalho concedeu liminar, na última sexta-feira (27), suspendendo a demissão de 580 trabalhadores na fábrica da Caoa Chery, em Jacareí (SP). A decisão é do juiz Lucas Cilli Horta, da 2ª Vara do Trabalho do município.

Se descumprir essa decisão provisória da Justiça, retroativa a 24 de maio, a montadora estará sujeita à multa diária de R$ 50 mil. Veja últimas notícias sobre o “caso Caoa Chey”.

Manifestação de trabalhadores demitidos da Caoa Chery (Foto: Roosevelt Cássio/SindMetal)

Liminar reverte demissões na Caoa Chery em Jacareí (SP)

Na liminar, concedida em resposta a uma ação civil pública movida pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região (SindMetal), o juiz afirma que dispensas coletivas devem ter prévia negociação, considerando-se o impacto social que causam. 

As demissões havia sido efetivadas na quarta-feira (25), por meio de telegramas e e-mails, como consequência dos planos de fechamento da fábrica pela Caoa Chery. Pelas contas do SindMetal, 580 trabalhadores perderam os seus empregos.

Os cortes foram feitos em meio a negociações mediadas pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e que ainda estão em curso. Uma nova audiência está marcada para a próxima quarta-feira (1º), às 14h.

Desde o início das negociações, o SindMetal propõe cinco meses de layoff e mais três meses de estabilidade como forma de preservação dos empregos. O sindicato exige também a permanência da montadora no município. 

Por outro lado, a empresa insiste em pagar apenas uma indenização social de sete a 15 salários nominais.

O plano de layoff chegou a ser aceito pela montadora, conforme registrado em ata de reunião ocorrida no dia 10 de maio. Entretanto, pouco depois, a Caoa Chery se negou a honrar o compromisso e voltou atrás em sua decisão. Essa quebra de acordo foi um dos argumentos usados pelo sindicato no pedido de liminar.

Manifestações e audiências contra as demissões na Caoa Chery

Caoa Chery suspende produção na fábrica em Jacareí (Foto: Roosevelt Cássio/SindMetal)

Os trabalhadores de Jacareí estão em estado de “luta permanente” desde que a Caoa Chery anunciou seus planos de fechar a unidade, em 5 de maio. Foram mobilizações quase que diárias de então, com ocupação da fábrica, acampamento em frente à empresa, assembleias, passeatas e ida ao consulado da China em São Paulo.

O sindicato também cobrou dos governos federal, estadual e municipal medidas que pudessem barrar o fechamento da fábrica.

Os trabalhadores conseguiram agendar, para esta terça-feira (31), uma reunião com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico e representantes da empresa e da prefeitura de Jacareí. O encontro será realizado no Palácio dos Bandeirantes, às 14h30.

O fechamento da fábrica

Fábrica da Caoa Chery em Jacareí-SP (Foto: Divulgação/Caoa Chery)

No dia 5 de maio, a Caoa Chery anunciou o fechamento da fábrica de Jacareí e a demissão de cerca de 480 trabalhadores. Na ocasião, a empresa explicou que faria o reposicionamento da sua gama de produtos no mercado nacional, prometendo eletrificar todos os modelos de seu portfólio até o fim de 2023.

A montadora informou ainda que essa readequação tinha por objetivo aumentar sua competitividade no âmbito nacional e internacional, seguindo os movimentos tecnológicos da indústria automotiva mundial.

A adaptação da unidade de Jacareí, de acordo com a montadora, teria como parâmetro os processos produtivos adotados na fábrica da Caoa em Anápolis (GO), que deve receber novos lançamentos no segundo semestre deste ano. 

A fábrica em Jacareí era responsável pela produção dos modelos Tiggo 3 e Arizzo 6. Com a desmobilização, a empresa demitiu toda a equipe de produção e metade dos funcionários do setor administrativo.

Escrito por

Paulo Silveira Lima

Jornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.

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