Crise nos transportes por aplicativo: alta dos combustíveis ameaça serviço
Alta dos combustíveis tem influenciado negativamente quem atua como motorista parceiro de empresas de transportes por aplicativos.
A constante alta dos combustíveis tem sito motivo de dor de cabeça para muitos brasileiros, mas a situação acaba sendo mais complicada para quem usa o carro como instrumento de trabalho, como e é o caso dos motoristas de transportes por aplicativo.
Motoristas de transportes por aplicativos sentem dificuldades após aumento dos combustíveis
Conforme já reportado pelo Garagem360, o combustível ficou mais caro esse mês após o reajuste feito pela Petrobras, onde a gasolina ficou 18,5% mais cara e o diesel quase 25%. Com os novos valores, as distribuidoras também modificaram o preço do combustível para o consumidor final.
Se para a população de forma geral os aumentos são prejudiciais e interferem nos gastos no fim do mês, imagina para quem usa o automóvel como instrumento de trabalho. A situação é ainda pior, tendo em vista que boa parte dos lucros derivados das corridas, acabam sendo destinados ao abastecimento.
Para método de comparação, de acordo com o presidente da Frente de Apoio Nacional ao Motorista Autônomo, a FANMA, Pauxo Xavier, atualmente, os gastos com combustível representam um total de 50% da receita do motorista. Já no início das operações dos transportes por aplicativo no mercado nacional esse gasto era calculado em 20% na receita.
Além disso, outros fatores como manutenção, também devem ser considerados, como troca de óleo e pneus.
Em relato ao portal Estado de Minas, o motorista de transporte por aplicativo Veron Guilherme, morador de Contagem, em minas Gerais, ele relata que os constantes aumentos tem prejudicado o lucro no fim do dia.
“Há 5 anos a gasolina era 25% da despesa, e hoje está em 50%. As taxas de aplicativos podem chegar a 40%, dependendo das corridas. A gente depende do usuário, portanto a despesa não pode ser jogada ao consumidor.
Se você ganha R$ 200, R$100 vão para gasolina, R$ 20 para o carro, R$ 15, alimentação e o que sobra são R$ 65. O usuário reclama, mas os motoristas estão avaliando as corridas, quilometragem, deslocamento.”
Repasse da Uber aos passageiros também é motivo de questionamentos entre os motoristas de transportes por aplicativo, continue entendendo a “crise nos transportes por aplicativo”
Outro tema que tem sido motivo de polêmica é o repasse da Uber ao consumidor, que deixou as viagens cerca de 6,5% mais caras. De acordo com a empresa, os novos valores temporários serão destinados de forma integral ao motorista parceiro. No entanto, alguns afirmam que não é bem assim que funciona.
Em nota Xavier explica que “até dezembro de 2020, o motorista da Uber recebia por km rodado e tempo. No entanto, a partir de 2021, a empresa fez uma espécie de leilão na oferta das corridas, sendo impossível do motorista ter uma previsibilidade de seus custos e ganhos, já que a mesma corrida pode ser ofertada por “x” ou “xy”, dependendo de vários fatores”.
Em tese, do mesmo modo que para o consumidor o valor de uma mesma corrida pode variar, de acordo com horário, e pico de chamadas, por exemplo, o mesmo acontece para o motorista.
O presidente da Fanma ainda explica que “quando a Uber anuncia um aumento de 6,5% para os usuários, não quer dizer que ela irá repassar este ajuste para os motoristas já que o sistema de leilão inicia em valores baixos e vai aumentando conforme a recusa dos motoristas.”
Jornalista e especialista em comunicação empresarial, com bagagem de mais de três anos atuando ativamente no setor automotivo e premiada em 2016 por melhor reportagem jornalística através do concurso da Auto Informe. Atualmente dedica-se à redação do portal Garagem 360, produzindo notícias, testes e conteúdo multimídia sobre o universo automobilístico.