Crise do ‘Carro Impagável’: Inadimplência nos financiamentos de veículos atingem níveis alarmantes nos EUA

Inadimplência no financiamento de veículos nos EUA atinge níveis preocupantes, com recorde de retomadas e alta de empréstimos subprime. Entenda a crise do "carro impagável" e o risco de um cenário "desde 2009".

O mercado automotivo americano acende um alerta vermelho. Um número recorde de americanos está com os pagamentos de seus carros atrasados, lutando para honrar parcelas médias que já superam os US$ 750 mensais. Com salários estagnados, taxas de juros elevadas e o fantasma da crise de 2008 ressurgindo, a situação é classificada por especialistas como um sinal crescente de pressão financeira sobre as famílias dos Estados Unidos.

Retomadas de veículos é a maior desde 2009

A estatística mais sombria talvez seja o volume de veículos retomados por falta de pagamento. Em 2024, aproximadamente 1,73 milhão de veículos foram objeto de alienação, o maior total desde o auge da crise financeira de 2008-2009.

Esse número impressionante não apenas reflete a dificuldade dos consumidores em manter as contas em dia, mas também indica que a pressão financeira, impulsionada pelos altos preços dos carros (novos e usados) e pelos custos de financiamento mais elevados, está se espalhando pela economia.

A taxa média do financiamento automotivo chegou a ultrapassar 10% em fevereiro de 2024, tornando o acesso ao crédito mais caro.

Inadimplência nos financiamentos de veículos atingem níveis alarmantes nos EUA – Foto: Freepik

O Risco crescente do crédito subprime

O aumento da inadimplência está intimamente ligado à flexibilização das exigências de crédito pelas financeiras e braços de montadoras, uma tática arriscada para movimentar os estoques.

  • Aumento do Risco: O número de empréstimos automotivos subprime (para clientes com histórico de crédito mais baixo) com pelo menos 60 dias de atraso atingiu um pico de 6% este ano.

  • Compradores de Alto Risco: O percentual de compradores de carros novos com pontuações de crédito abaixo de 650—consideradas próximas de subprime—deve ultrapassar 14% em setembro de 2025, o maior índice desde 2016.

  • A Postura das Montadoras: Para aliviar a pressão de estoque, braços financeiros de grandes montadoras, como a Ford e a GM Financial, têm concedido empréstimos a clientes de crédito mais baixo.

A Ford, por exemplo, chegou a mirar compradores com crédito baixo oferecendo taxas de juros reduzidas para escoar modelos como a F-150. Cerca de 12% dos empréstimos da GM Financial, braço de crédito da General Motors, são compostos por compradores com pontuações abaixo de 620.

Essa busca por clientes de maior risco para sustentar as vendas, em um cenário de custos de veículos elevados e condições econômicas frágeis para muitas famílias, ecoa perigosamente a dinâmica que precedeu o colapso financeiro de 2008, desencadeado pela crise das hipotecas subprime.

O endividamento automotivo total nos EUA já ultrapassa a marca de US$ 1,66 trilhão, um recorde histórico que se soma às preocupações sobre uma potencial “bolha do carro”.

Leia aqui: Fim do incentivo federal: O mercado de carros elétricos entra em seu “teste de verdade” nos EUA

A crise do carro impagável é um sinal de que a economia americana está desacelerando? Você acredita que estamos à beira de uma nova “bolha subprime”? Compartilhe sua opinião nos comentários!

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Robson Quirino
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Robson Quirino

Sou Robson Quirino. Formado em Comunicação Social pelo IESB-Brasília, atuo como Redator/ Jornalista desde 2009 e para o segmento automotivo desde 2019. Gosto de saber como os carros funcionam, inclusive a rebimboca da parafuseta.