Conheça o HVO, o diesel do futuro ecologicamente correto

O HVO, mais conhecido como diesel verde (ou diesel do futuro), é um combustível alternativo com grande potencial. Menos poluente do que os derivados de petróleo, ele pode ser responsável por dar uma sobrevida aos motores tradicionais por combustão.  Saiba mais!

Conheça o HVO, o diesel do futuro ecologicamente correto
Conheça o HVO

Diesel do futuro é ecologicamente correto: veja como ele é obtido e suas vantagens

O HVO (sigla para Hydrotreated Vegetable Oil) é obtido a partir da hidrogenação de óleos como os de soja, mamona e girassol ou da gordura animal. Esses insumos podem ser usados separadamente ou misturados.

O produto é um combustível livre de enxofre e aromáticos e tem um valor elevado de índice de cetano – o número de cetano está relacionado com o tempo entre a injeção de combustível e o início da combustão, chamada de “faixa da potência”. Tem uma estabilidade de armazenamento excelente e é totalmente compatível com o combustível derivado de petróleo usado nos motores diesel.

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HVO

Saiba o que difere o HVO do Biodiesel

Biodiesel é todo combustível derivado de biomassa renovável, e o HVO também é produzido a partir das mesmas matérias-prima. Porém, esses produtos possuem componentes diferentes entre si, pois, sob o ponto de vista químico, o HVO é uma mistura de hidrocarbonetos (formados por carbono e hidrogênio), enquanto o biodiesel é uma mistura de ésteres (constituídos por carbono, hidrogênio e oxigênio).

O HVO é produzido pelo processo químico de hidrotratamento (HDT), no qual as matérias-primas reagem com o gás hidrogênio em condições controladas de temperatura e pressão, formando um líquido similar ao diesel fóssil. 

Por sua vez, o biodiesel é produzido pelo processo químico de transesterificação. Nele as matérias-primas reagem com um álcool, geralmente o metanol, formando um combustível bastante distinto do diesel convencional.

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(Ilustrativa)

Vantagens do HVO sobre o biodiesel

Em comparação com o biodiesel, o HVO apresenta diversas vantagens, segundo o pesquisador Rogelio Sotelo-Boyás, do Instituto Poliécnico Nacional, do México:

  • O produto é compatível com os motores existentes;
  • Flexibilidade de matéria-prima, pois o teor de ácidos graxos livres no óleo vegetal é irrelevante;
  • Maior número de cetano;
  • Maior estabilidade à oxidação;
  • Não aumenta as emissões de NOx;
  • Não requer água para sua produção;
  • Não dá origem a subprodutos que requeiram um tratamento adicional;
  • A distribuição do combustível não causa poluição adicional, uma vez que pode ser transportado por meio das mesmas condutas atualmente utilizadas para a distribuição de combustíveis de origem fóssil;
  • Melhor desempenho em climas frios.
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(Foto: Freepik)

HVO está em discussão no Brasil e pode chegar em breve

Os motores tradicionais movidos a biocombustíveis e que atendam às normas do Proconve 3 e rodem com o diesel B-10 não necessitam de mudança alguma para utilizar o HVO. Seria apenas necessário um aditivo de lubrificação, pois o HVO tem pouca lubricidade. Porém, a adição de uma pequena quantidade de biodiesel resolve a questão.

O Brasil, no entanto ainda está iniciando as discussões com relação à aplicação do HVO em território nacional. Atualmente essa alternativa já é disponibilizada para os veículos da Europa, da Ásia e da América do Norte. Uma instalação industrial para a produção de HVO está em processo de implantação no Paraguai, o que abre um horizonte para o combustível na América do Sul.

Por enquanto, no Brasil, o combustível é produzido apenas em caráter experimental pela Petrobrás, sem qualquer regulamentação. Porém, já está em tramitação uma proposta de regulamentação pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Talvez em breve tenhamos mais essa opção verde de combustível para os nossos veículos.

ANP

Na Europa, Ford Transit roda até com óleo de cozinha usado

No final da década passada, a Ford anunciou que a sua linha de vans Transit foi aprovada para rodar com HVO. Hoje, a van de cargas e passageiros circula pelas ruas e estradas do Velho Continente abastecida até com óleo de cozinha usado.

Há empresas na Europa dedicadas à coleta de óleo de cozinha usado em restaurantes, indústrias e escolas, e a União Europeia mantém um programa, chamado RecOil, para aumentar o seu reaproveitamento na produção de biocombustíveis.

A Ford testou o uso do HVO no motor EcoBlue 2.0 da Transit para garantir seu desempenho e durabilidade, sem a necessidade de nenhuma modificação no combustível.

O HVO é vendido em postos de combustível selecionados da Europa, principalmente na Escandinávia e nos países bálticos, tanto na forma pura como adicionado ao diesel comum. Em outros mercados, ele também é adotado por frotistas que precisam melhorar sua pegada ecológica, adquirido diretamente de fornecedores especializados.

Se o veículo precisar abastecer em uma região onde o HVO não é disponível, o motorista pode usar diesel convencional – os combustíveis podem se misturar no tanque sem problemas.

Ford Transit (Ford)

Paulo Silveira Lima
Paulo Silveira LimaJornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.
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