Como a Nissan está evoluindo por meio da tecnologia de realidade mista

A Nissan vem empregando a realidade mistapara o treinamento de funcionários nas linhas de produção, obtendo economia de tempo e de recursos.

O surgimento do metaverso e de tecnologias que conectam pessoas ao mundo digital, como a realidade virtual – que fazem uma associação entre o universo virtual e a realidade –, são elementos que já ajudam no desenvolvimento da indústria automotiva global. Inserida neste contexto, a japonesa Nissan vem empregando esse tipo de tecnologia – no caso específico, a realidade mista – para o treinamento de funcionários nas linhas de produção, obtendo economia de tempo e de recursos.

Veja como a tecnologia de realidade mista tem ajudado a Nissan 

Realidade mista sincroniza o mundo real ao virtual (Foto: Divulgação/Nissan)

Existem algumas diferenças concretas na forma pela qual os mundos virtuais interagem com o mundo real, dependendo da tecnologia de realidade alternativa utilizada. São basicamente três vertentes:

  1. Realidade virtual (VR) – Por meio de um dispositivo portátil, como os óculos de realidade virtual, a VR permite que os usuários vivenciem um mundo virtual a partir de uma perspectiva em primeira pessoa. A VR, hoje, é amplamente utilizada em áreas como entretenimento, jogos e viagens virtuais.
  2. Realidade aumentada (AR) – Com a AR, o mundo real é aumentado virtualmente, sintetizando o conteúdo digital na visão do usuário. Esta tecnologia pode ser utilizada para complementar informações ou introduzir personagens virtuais em cenários do mundo real. A AR é utilizada em diversos formatos, como jogos para smartphones e sistemas de navegação.
  3. Realidade mista (MR) – A MR é uma combinação de VR e AR. A MR é caracterizada pela sincronização entre o mundo real e o virtual, permitindo que os usuários toquem e movam os objetos virtuais com suas próprias mãos.

Este conjunto de tecnologias é chamado de realidade cruzada (XR).

Aplicação prática

Com a adoção da MR, duração dos treinamentos foi reduzida à metade (Foto: Divulgação/Nissan)

O processo de inspeção de motores elétricos envolve a verificação de até 30 itens diferentes. No passado, os instrutores da Nissan treinavam cada novo colaborador individualmente para ensinar suas funções. Já os novos operadores tinham que estudar vários manuais e vídeos para alcançar o nível de competências necessário. 

Todo esse processo exigia uma grande disponibilidade de tempo, devido à complexidade do trabalho. Por isso, fazia sentido introduzir a realidade mista para melhorar tanto a eficiência como as competências.

Com o uso de óculos de MR, as imagens e textos aparecem na frente de um motor elétrico físico, permitindo que o aprendiz imediatamente compreenda o trabalho em primeira mão. Os aprendizes podem revisar as informações apontando para as áreas que devem ser inspecionadas.

A Nissan também trabalhou em parceria com o fabricante de autopeças japonês Jatco para desenvolver a tecnologia de oculometria (eye tracking). Essas funções permitem gravar o aprendiz mesmo quando sozinho, permitindo que o instrutor verifique a compreensão do conteúdo a ele passado .

Outro grande avanço é a possibilidade de visualizar um motor elétrico em 3D com a utilização de óculos de realidade virtual, em situações em que o motor físico não esteja disponível.

Como consequência, a duração do treinamento foi reduzida pela metade, com uma carga horária 90% menor.

Nissan Versa (Foto: Divulgação)

Como a realidade mista foi introduzida na Nissan

A escassez de trabalhadores no Japão – devido à baixa taxa de natalidade e o envelhecimento da sociedade – é um dos fatores que levou à introdução da MR nas unidades de produção da Nissan. 

Além disso, como os veículos estão cada vez mais inteligentes e conectados, é necessário criar um local de trabalho em que todos os colaboradores possam trabalhar com conforto e melhorar a produtividade. 

Graças à MR, os novos colaboradores podem aprender o trabalho mais rapidamente, permitindo que os instrutores dediquem mais tempo a tarefas mais avançadas. 

O sistema foi desenvolvido e implementado em aproximadamente um ano. Para Kazuki Shimizu, engenheiro de Serviços Corporativos e Sistemas da Nissan, responsável pelo desenvolvimento da MR na fábrica de Tochigi, isso representou uma curva de aprendizagem rentável e produtiva para todos os envolvidos.

“Nossa planta foi a primeira da Nissan a produzir motores para veículos elétricos, por isso o processo de inspeção foi uma experiência nova para todos”, afirma. “O novo sistema foi de grande ajuda, pois todos nós éramos iniciantes no assunto”.

Por sua vez, o instrutor Masahito Ide destaca o valor dos testes contínuos para garantir os melhores resultados para os clientes da Nissan. “Mesmo com a nova tecnologia, não faz sentido se não é utilizada continuamente. Conversamos com nossos colegas de desenvolvimento muitas vezes até ficarmos satisfeitos com o local de trabalho e podermos utilizar a tecnologia de forma eficaz”, relata.

Graças aos esforços de Shimizu e Ide, os óculos MR foram bem recebidos na planta de Tochigi. “A MR é nova e fácil de entender”, avalia o inspetor Daiki Matsumoto. “Por isso, foi muito agradável saber mais sobre como podemos trabalhar com ela”.

Graças ao sucesso obtido em Tochigi, a Nissan agora trabalha para ampliar o sistema para outras linhas de produção.

Nissan Skyline (Foto: Reprodução)

Realidade cruzada

Atualmente, a Nissan utiliza a XR em diversas aplicações. Na área de design, a tecnologia é utilizada em conjunto com técnicas de modelagem em argila, para otimizar o processo de correção.

Recentemente, a Nissan recriou o Nissan Crossing, o espaço de experiência da marca em Ginza, Tóquio, por meio de uma galeria virtual no Metaverso.

Escrito por

Paulo Silveira Lima

Jornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.

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