Acréscimo de solventes e água na gasolina ou no etanol pode aumentar o consumo e ainda causar problemas mecânicos
É impossível rodar com o carro por aí sem combustível, mas, sendo gasolina ou etanol, o condutor deve ficar de olho para não cair no golpe dos combustíveis adulterados. Misturadas com solventes e soluções irregulares, os produtos de baixa qualidade aumentam o consumo e causam uma série de problemas ao veículo.
“Solventes adicionados à gasolina podem gerar reações de solvência no material plástico dos tanques, entupindo o filtro da bomba. Isso provoca o superaquecimento interno por falta de combustível, levando o funcionamento do sistema de alimentação a uma pane”, explica Gilberto Pose, coordenador técnico de combustíveis da Raízen, licenciada da marca Shell no Brasil. Ele ainda ressalta que em alguns casos pode ocorrer solvência no material isolante interno da bomba, provocando dano fatal ao veículo.
Alguns postos adulteram o combustível adicionando etanol hidratado à gasolina, e um carro que não é flex recebê-lo, com certeza apresentará falhas no funcionamento. Já a adição irregular de água ao etanol hidratado pode provocar corrosões nas partes metálicas (bicos injetores, por exemplo) que entram em contato com o líquido. “Nos dois casos, o condutor logo irá perceber consumo excessivo e perda de desempenho do motor”, diz Pose.
Alguns dos sintomas que indicam que o veículo foi abastecido com combustível adulterado são problemas na hora de dar a partida, excesso de consumo e falhas em aceleração e retomada de velocidade. Vale a pena ficar de olho na emissão de gases poluentes, que também costuma aumentar quando a gasolina ou o álcool não são de qualidade.
Como proceder?
Ao perceber que o automóvel apresenta indícios de que foi abastecido com combustível adulterado, o motorista deve seguir alguns passos. O primeiro é retornar ao posto e exigir o teste de proveta – ele é obrigatório e pode ser solicitado por qualquer consumidor. “Caso o pedido seja negado, o estabelecimento pode ser multado, conforme resolução da Agência Nacional do Petróleo (ANP)”, afirma Julio Paulon, diretor de marketing e varejo da ALE, distribuidora de combustível.
O processo é feito na hora, e revela se a gasolina ou o etanol sofreu algum tipo de alteração irregular. “Caso seja comprovado que o produto está fora de especificação, o consumidor tem de procurar a distribuidora, através de seus canais de comunicação, para relatar o ocorrido. O cliente também deve denunciar o posto revendedor à ANP”, acrescenta o executivo. Em caso de danos causados pelo combustível, ainda é possível recorrer à Fundação de Proteção e Defesa do Consumido (Procon).
Evite fraudes
Para evitar ciladas, também recomenda-se que o motorista desconfie de estabelecimentos que oferecem preços muito abaixo da média. A adição de soluções irregulares costuma ser uma opção ilegal para abaixar os valores. Além disso, vale a pena dar preferência para bandeiras mais conhecidas e checar a qualidade do produto oferecido pela marca.