Combustíveis no Brasil: brecha na lei pode custar R$ 16 bi aos cofres públicos

Brecha na lei complementar que altera a cobrança do ICMS dos combustíveis no Brasil pode causar uma perda de R$ 16 bi aos cofres públicos.

Como resposta ao aumento no preço dos combustíveis no Brasil anunciados pela Petrobras no último dia 10 de março, o Governo Federal aprovou uma lei que altera o cálculo do ICMS no país. No entanto, após aprovada e publicada, constatou-se uma brecha que pode custar mais de R$ 16 bilhões aos cofres públicos.

Brecha na lei de combustíveis no Brasil pode custar caro aos cofres públicos

Brecha na lei de combustíveis no Brasil pode custar caro aos cofres públicos (Foto: Pixabay)

Trecho mal formulado na nova lei de cobrança do ICMS de combustíveis no Brasil pode gerar R$ 16,6 bi aos cofres públicos

Conforme já reportado pelo Garagem360, no início do mês, a Petrobras anunciou um aumento de mais de 18%  o valor da gasolina e de quase 25% para o diesel, para as distribuidoras, que por sua vez, também repassaram o valor atualizado para o consumidor final, que já paga R$ 8 no litro da gasolina em muitos lugares país afora.

No entanto, como medida de conter o elevado reajuste, na sexta-feira, 11 de março, o Governo Federal aprovou a lei que altera a cobrança do ICMS nos combustíveis vendido no Brasil.

De forma geral, o Projeto de Lei muda a cobrança do ICMS para os combustíveis, sendo cobrado uma única vez, e não mais em várias etapas. Além disso, o valor do tributo também passa a ser o mesmo em todos os estados brasileiros.

No entanto, o Artigo 9 do mesmo Projeto de Lei zera as alíquotas de outros impostos federais, o PIS e o Cofins do diesel e o gás de cozinha, e é aí que começa o problema, que só foi constatado no dia 14 de março por um servidor da Receita Federal, conforme apurou a reportagem da CNN Brasil.

Brecha na lei de combustíveis no Brasil pode custar caro aos cofres públicos

Prejuízo pode passar dos R$ 16 bilhões (Foto: Freepik)

O que diz o Art.9

Conforme explica o artigo 9 do Projeto de Lei Complementar 192 de 11 de março de 2022, “As alíquotas da Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Contribuição para o PIS/Pasep) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) […] ficam reduzidas a 0 (zero) até 31 de dezembro de 2022, garantida às pessoas jurídicas da cadeia, incluído o adquirente final, a manutenção dos créditos vinculados.”

No entanto, até antes da aprovação da nova lei, os tributos citados incidentes no diesel só eram cobrados nas refinarias. Conforme explica a CNN, distribuidores e postos não conseguiam crédito na operação.

Porém, a partir da mudança, além das refinarias deixarem de pagar o PIS e o Cofins, a brecha permite a compensação de qualquer tipo de crédito, como a venda de combustível, por exemplo, em cima de um imposto que não está sendo cobrado. Segundo apurado pela CNN, o erro pode causar um prejuízo de R$ 16,6 bilhões aos cofres públicos.

A Receita Federal já trabalha em uma medida provisória para esclarecer os fatos. A CNN teve acesso ao rascunho do documento:

“a manutenção do artigo 9 poderá trazer insegurança jurídica a sua aplicação e levar a judicialização da questão do creditamento, baseado na interpretação de que o adquirente final do combustível, mesmo com as alíquotas do Pis e da Cofins reduzidas a zero, poderia tomar crédito dessas aquisições”.

Brecha na lei de combustíveis no Brasil pode custar caro aos cofres públicos

Art.9 zera o PIS e Cofins do diesel e gás de cozinha (Foto: Pixabay)

Com informações: CNN Brasil 

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Nicole Santana
Escrito por

Nicole Santana

Jornalista e especialista em comunicação empresarial, com bagagem de mais de três anos atuando ativamente no setor automotivo e premiada em 2016 por melhor reportagem jornalística através do concurso da Auto Informe. Atualmente dedica-se à redação do portal Garagem 360, produzindo notícias, testes e conteúdo multimídia sobre o universo automobilístico.

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