CDC, leasing ou consórcio?
Conheça melhor os métodos de financiamento e faça a escolha certa
Cerca de 60% dos automóveis de passeio e comerciais leves comprados no Brasil são financiados. Em fevereiro deste ano, dos 178.822 carros emplacados, 105.336 foram adquiridos por meio de alguma modalidade de parcelamento – nesse período, o Palio foi o recordista com 5,873 unidades financiadas. No ano passado, os brasileiros financiaram mais de seis milhões de veículos, segundo dados da Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (Cetip).
O parcelamento de veículos é a opção para quem não tem condições de comprar um carro à vista e, nessa hora, para não ter prejuízo, é importante estudar com cuidado os diversos métodos disponíveis no mercado. Atualmente, há três alternativas: crédito direto ao consumidor (CDC), leasing e consórcio.
O Garagem 360 conversou com Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo de estudos e pesquisas da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), para explicar as diferenças de cada modalidade.
Crédito Direto ao Consumidor (CDC)
O CDC é a modalidade mais utilizada por quem pretende adquirir um carro, seja novo ou usado. A principal vantagem está relacionada à praticidade da liberação dos recursos. Com a aprovação do crédito, o cliente adquire o veículo e pode tomar posse imediata do bem. “Mas isso tem um custo financeiro mais alto. As taxas de juros estão elevadas e com a subida da taxa Selic tendem a aumentar ainda mais”, afirma Oliveira.
Nessa modalidade, o carro ou a motocicleta sai com o documento em nome do comprador, mas com o bem alienado ao banco que emprestou os recursos. Após a quitação da dívida, a restrição é retirada do documento. O dono do automóvel tem desconto no caso de pagamento antecipado das parcelas e ainda tem a liberdade de vender o bem e transferir a dívida para o novo proprietário.
Boa parte dos financiamentos por meio do CDC ocorre por intermédio dos bancos das montadoras, mas o executivo da Anefac recomenda que seja feita uma pesquisa prévia para verificar as melhores taxas de juros. “As montadoras têm interesse em desovar o estoque, mas dependendo do perfil do cliente, o banco no qual ele tem conta pode oferecer taxas mais vantajosas”, explica.
Leasing
A principal diferença em relação ao CDC é que a documentação do carro é emitida em nome do banco com arrendamento a quem efetivamente comprar o veículo. Assim, caso o motorista queira vender o veículo e transferir a dívida, todo o processo deverá ser previamente autorizado pela instituição financeira.
Outro problema ocorre em caso de inadimplência. Nos financiamentos realizado pelo CDC, o tempo médio para que o banco retome o bem é de seis meses. “Como no leasing o banco é o proprietário, esse prazo pode ser de apenas 30 dias”, diz Oliveira.
Em virtude disso, o diretor da Anefac recomenda que o leasing seja a opção escolhida somente nos casos nos quais as taxas de juros sejam significativamente menores. Segundo ele, essa diferença deve ser de, no mínimo, 0,3 pontos percentuais. “Hoje, as taxas do leasing e do CDC estão praticamente iguais. Então, esta modalidade não vale a pena”, garante.
Consórcio
O consórcio é a opção de compra parcelada que oferece a menor taxa de juros do mercado. Em contrapartida, não há a garantia da aquisição imediata do bem. As cotas de 60 meses, por exemplo, contam com 120 pessoas participantes. A cada mês, um carta de crédito é liberada por sorteio e outra pelo maior valor de lance. “Por isso, o consórcio não é indicado a quem tem pressa em receber o carro”, orienta Oliveira.
Os valores dos lances tendem a ser mais altos no início do consórcio. De acordo com o executivo da Anefac, nos primeiros meses a média costuma ser de 40% do valor da carta de crédito. “Na medida em que o tempo passa, esse ímpeto diminui e pode chegar a 10%”, diz.
Antes de fechar um contrato de consórcio é fundamental consultar as credenciais da administradora junto ao Banco Central e avaliar também a quantidade de reclamações relativas ao prazo de liberação da carta de crédito.
O consórcio não tem juros, mas há uma taxa de administração. Com todos os encargos somados, Oliveira comenta que a média atual do mercado é 0,77% ao mês. Além disso, enquanto no CDC e no leasing o valor das parcelas é fixo, no consórcio ele pode variar em função dos reajustes aplicados pelas montadoras. “O consórcio tem de garantir que todos os contemplados conseguirão adquirir o bem”, complementa.
Simulação
A pedido do Garagem 360, o executivo da Anefac fez uma simulação de financiamento por CDC, leasing e consórcio, de acordo com as taxas médias praticadas atualmente pelo mercado para um veículo no valor de R$ 50 mil.
Taxa do CDC e do leasing– 1,99% ao mês
Custo do consórcio (administração, fundo de reserva e taxa de adesão) – 0,77% ao mês
CDC/leasing: 60 parcelas mensais de R$ 1.434,92, com um total de R$ 86.095,20.
Consórcio: 60 parcelas mensais de R$ 1.043,75, com um total de R$ 62.625,00.
Nessa simulação, o financiamento por CDC ou leasing é 37,48% mais caro do que o consórcio, o que representa uma diferença de R$ 23.470,20.