Carros voadores, entenda porque eles ainda estão distantes de nós

Tecnologia já está sendo utilizada, mas questões de segurança, mobilidade e preço impedem a popularização imediata

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“Carro-nave” do desenho Os Jetsons fez sucesso nos anos 1960 | Foto: Reprodução Youtube

O dia 21 de outubro de 2015 foi comemorado no mundo inteiro por marcar a data em que Marty McFly, personagem eternizado por Michael J. Fox, chegaria ao futuro no filme “De volta para o futuro 2”. O DeLorean transformado em máquina do tempo pelo Dr. Emmett L. Brown, o “Doc”, vivido pelo ator Christopher Lloyd, não chegou por aqui, assim como os carros voadores assim não são uma realidade.

É fato que, pelo menos, três gerações sonharam que um dia pilotariam os veículos – ou seriam naves? – tão comuns no universo do filme e também no desenho d’Os Jetsons. Criado por Hanna-Barbera em meados dos anos 1960, o cartoon animado trazia um mundo futurista em que as empregadas domésticas eram robôs, os objetos podiam ser teletransportados e os automóveis voavam.

Apesar do desenho só ter sido lançado em 1962, as tentativas de fazer um veículo voador vieram muito antes. Em 1947, por exemplo, os ConvairCar Model 116 e Model 118, desenvolvidos pela Consolidated Vultee Aircraft (Convair), nos Estados Unidos, fazia a fusão entre um carro e um avião. Após dois acidentes, o projeto foi abandonado ainda na fase de prototipagem.

Mas, mesmo após vários fiascos, as experiências não cessaram com o passar dos anos. Muito pelo contrário. Elas só cresceram e, hoje em dia, é até possível encontrar carros (poucos, é verdade) que realmente voam. No entanto, esqueça o design moderno, compacto e a fácil condução. A maioria deles é grande e mais parecida com um avião.

O que já existe

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Transition em processo de “transformação” | Foto: Reprodução/Terrafugia

Um dos protótipos atuais é o Transition, da empresa norte-americana Terrafugia. Apresentado em 2012, ele já está disponível para compra, mediante depósito inicial de US$ 10 mil (R$ 32 mil) para reserva. Seu preço final total é de US$ 279 mil (R$ 892 mil, sem impostos).

Ao melhor estilo “Transformers”, ele converte o automóvel em um avião após o motorista acionar um dispositivo que promove a abertura das asas e o posicionamento da hélice em sua parte frontal. Mais do que um veículo voador, a melhor classificação para esta inovação é “avião que funciona como carro”.

No site oficial da empresa, estão descritas as principais características do Transition: ele tem velocidade de cruzeiro de 160 km/h, sua capacidade de carga é de 227 kg e o tanque de combustível comporta 87 litros. No “modo carro“, ele mede 2 m de altura, 2,3 m de largura e 6 m de comprimento. Para efeito de comparação, uma Kombi, da Volkswagen, tem 2,05 m de altura, 1,7 m de largura e 4,5 m de comprimento.

Apesar de grande, a Terrafugia garante que é perfeitamente possível guardá-lo na garagem. Mas, se quiser tirá-lo do local e fazê-lo decolar, é preciso possuir não apenas uma carteira de motorista, mas também habilitação de piloto esportivo, já que a invenção está classificada como Aeronave Leve Esportiva (ALE ou LSA) pela Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA).

Os desafios

Em um artigo publicado pelo jornal The New York Times, Adam Frank, professor de astrofísica da Universidade de Rochester, na Inglaterra, diz que o principal entrave para que esses veículos sejam produzidos é controlar a força da gravidade. “De todas as forças da ciência moderna, só dominamos o eletromagnetismo”, afirma ele. Além destas duas, a força nuclear e a força nuclear fraca completam as quatro forças da natureza.

Ainda segundo o teórico, as formas de voar atuais utilizam a eletromagnética e as tentativas de fazer o uso da gravidade para este propósito não têm obtido sucesso. “O barulho, o perigo, a poluição e a ineficiência são provas da nossa abordagem bruta ao desafiar a gravidade”, finaliza.

Outros problemas que precisam ser resolvidos, antes de se iniciar a produção em massa dos carros futuristas, estão relacionados à segurança dos passageiros e a questões de mobilidade. O primeiro obstáculo seria pensar e desenvolver formas seguras de pilotagem para que os carros não colidissem no ar contra estruturas ou mesmo outros veículos, e o segundo trata da construção de espaços adequados para decolar e pousar os automóveis, tais como pistas de pouso presentes em aeroportos.

Rodrigo LoureiroRodrigo Loureiro é repórter do site Garagem 360 e da Agência Entre Aspas. Em 2014 atuou na redação do portal UOL Esporte e também já escreveu para as editorias de tecnologia e turismo de outros portais e publicações.
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