Carros elétricos podem gerar problemas na matriz energética brasileira?

O mercado de veículos elétricos no Brasil tem apresentado um crescimento significativo nos últimos meses, com recordes de vendas e aumento da frota circulante. Ao mesmo tempo em que enseja comemorações, esse resultado motiva preocupações: afinal, com o aumento do consumo de eletricidade, o avanço dos carros elétricos pode gerar problemas na matriz energética brasileira?

Veja o impacto dos carros elétricos na matriz energética brasileira

Recarga em eletroposto rápido da Volvo (Foto: Divulgação/Volvo Cars)

Somente em março de 2023, foram emplacadas 5.989 unidades de veículos leves eletrificados, representando um aumento de 55,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os números, da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), confirmam a tendência de crescimento do setor no Brasil.

Ao mesmo tempo que os números positivos mostram um caminho promissor para o setor, ele gera preocupação nas pessoas que acreditam na possibilidade de um impacto no preço da energia e na matriz elétrica nacional. Porém, na análise de Ricardo David, sócio-diretor da Elev, empresa especializada em soluções para o setor da eletromobilidade, não há motivos para preocupações.

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“O crescimento do mercado de carros elétricos é uma tendência positiva para a mobilidade sustentável no Brasil, e não representa um impacto expressivo na demanda de energia elétrica do País. Mesmo que o setor cresça, ainda assim teríamos capacidade suficiente de produção energética para o atendimento da demanda”, afirma o executivo.

Essa informação é positiva principalmente pelo aumento significativo dos últimos meses. O primeiro trimestre de 2023 também foi o melhor da série histórica da ABVE, com 14.787 eletrificados leves vendidos, um aumento de 50% em comparação ao mesmo período de 2022, que contabilizou 9.844 unidades vendidas. 

Se comparado ao primeiro trimestre de 2021, quando foram vendidas apenas 4.582 unidades, o desempenho do mercado de veículos elétricos em 2023 é ainda mais impressionante, com um aumento de surpreendentes 223%.

“O cenário mostra um caminho promissor que pode ser amplificado ainda mais com as montadoras buscando caminhos para a eletrificação, com o aumento de frotas elétricas nas empresas e com a melhoria estrutural de recarga. Porém, é essencial e urgente um planejamento nacional, como um marco para a eletrificação no Brasil”, aponta David.

Os veículos híbridos não plug-in (HEV), especialmente os modelos flex movidos a etanol, têm impulsionado o mercado de veículos eletrificados no Brasil. Em março de 2023, foram emplacadas 3.230 unidades de HEVs leves, sendo 2.272 híbridos flex (que potencialmente rodam com etanol) e 958 híbridos a gasolina. Um cenário extremamente positivo para a diminuição do impacto dos veículos a combustão no meio ambiente.

HEVs a etanol, como o Toyota Corolla Cross Hybrid, são vistos como solução (Foto: Divulgação/Toyota)

“Acredito que os híbridos movidos a eletricidade e etanol ganharão cada vez mais popularidade, principalmente no Brasil. Eles são uma alternativa sustentável, com pouco impacto ambiental e são ótimos modelos de transição para um modal 100% elétrico no País”, acredita Ricardo David.

Paulo Silveira LimaJornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.
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