Carros elétricos podem ficar ainda mais caros com volta de taxação

As montadoras de veículos instaladas no Brasil pressionam o governo pelo retorno da cobrança do Imposto de Importação de carros elétricos.

As montadoras de veículos instaladas no Brasil pressionam o governo federal pelo retorno da cobrança do Imposto de Importação sobre os carros elétricos. A alíquota do tributo encontra-se zerada desde a gestão de Michel Temer (MDB), há cinco anos. Com a volta da taxação, os elétricos podem ficar até 35% mais caros. Entenda. 

Governo deve decidir sobre volta de taxação de carros elétricos ainda neste mês

Carros elétricos como o BYD Dolphin podem ficar mais caros com a volta da taxação (Foto: Divulgação/ BYD)

Em entrevista na semana passada, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) Márcio de Lima Leite, revelou que o setor automotivo brasileiro encara o carro elétrico chinês como uma ameaça.

Segundo ele, nos últimos anos, esse tipo de veículo tem obtido um crescimento exponencial em vendas não somente no mercado interno brasileiro, mas também nos demais países da América Latina – que compõem o principal destino das exportações das montadoras aqui instaladas, escoando dessa forma a produção nacional.

“Se não fizermos o dever de casa, o que aconteceu na América Latina vai ocorrer também aqui no Brasil”, disse na ocasião, referindo-se ao fato de a China ter ampliando sua participação nas importações pelos países da região de 4,6% para 21,2% em apenas dez anos.

O presidente da Anfavea reclamou que “não pode haver um estímulo que gere desigualdade nas vendas” – fato é que, mostram os números, o governo brasileiro estimulou a chegada dos elétricos importados da China ao zerar o Imposto de Importação.

A entidade defende a volta da alíquota de 35% para a importação dos carros elétricos, além da criação de um regime de cotas para impedir o desembarque massivo de carros chineses no País. 

De acordo com Lima Leite, o governo concorda com a tese das montadoras, “mas não gostaria de fazer mudanças que fosse abruptas”.

A alternativa que está sendo discutida é que haja um período de transição de três anos, com aumentos graduais até se atingir a alíquota de 35% – que hoje, por sinal, é válida para a importação de veículos à combustão.

Volta de imposto será estímulo à produção local de empresas como a GWM (Foto: Divulgação/GWM)

A expectativa da Anfavea é de que o governo tome essa decisão ainda neste mês, em que será publicada a Medida Provisória que institui a segunda fase do Rota 2030 – programa destinado a incentivar a eficiência energética no setor automotivo, com redução das emissões de gases de efeito estufa.

Lima Leite acredita que a volta do Imposto de Importação possa fazer parte da MP.

Caso seja efetivamente retomada a taxação, os carros elétricos importados fatalmente ficarão mais caros no curto prazo.

O que servirá de estímulo para que montadoras como a BYD e a GWM, chinesas que têm crescido fortemente nos últimos meses, intensifiquem a produção local de veículos no Brasil.

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Escrito por

Paulo Silveira Lima

Jornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.

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