Carros elétricos no Brasil podem chegar 62% do mercado em 2035
Os carros elétricos do mercado brasileiro podem/ chegar a 62% nos próximos 15 anos. É o que aponta o estudo realizado pela ANFAVEA.
A informação até parece errada se comparada com o cenário atual. Porém, segundo previsões da ANFAVEA, em 2035, os carros elétricos podem chegar a 62% da frota brasileira.
Carros elétricos serão a maioria da frota brasileira
Segundo um estudo realizado pela Associação dos Fabricantes de Veículos Automotores, a ANFAVEA, o futuro deverá se adaptar à formas de combustão mais limpas, além de frotas híbridas e elétricas. Através de possíveis cenários analisados, o estudo também elenca quais os pilares devem ser usados daqui para frente.
Três possíveis cenários
Segundo a entidade, existem três grandes cenários possíveis para o país nos próximos 15 anos. O primeiro seria o “Inercial”, no qual a transformação viria no ritmo atual, sem metas estabelecidas, sem uma organização geral dos setores envolvidos no transporte e na geração de energia, e sem uma política de Estado que incentive a eletrificação.
O segundo, batizado de “Convergência Global”, seria o mais acelerado no sentido de acompanhar os movimentos já em curso nos países mais desenvolvidos. O terceiro é o “Protagonismo de Biocombustíveis”, um caminho que privilegiaria combustíveis “verdes”, mas com um grau de eletrificação semelhante ao do cenário “Inercial”.
Através dos três cenários previstos, a Anfavea junto com outras empresas do setor automotivo, identificou seis temas que devem servir de base para nortear as discussões sobre o assunto.
Impacto no setor automotivo
Hoje os modelos eletrificados respondem por 2% do mix de vendas de leves, seguindo a lógica de crescimento atual, em 2030 eles representarão de 12% a 22%, dependendo dos cenários previstos no estudo, e de 32% a 62% em 2035.
Ou seja, mesmo no cenário mais conservador, o mercado brasileiro vai demandar milhões de unidades de veículos eletrificados até a metade da próxima década. Seriam 432 mil veículos leves/ano em 2030, subindo para 1,3 milhão/ano em 2035.
Um volume dessa magnitude não poderá ser importado, o que geraria sérios prejuízos à balança comercial brasileira, além de ociosidade ainda maior da indústria local. Com mais de 40 fábricas espalhadas pelo país, sem contar as de fornecedores de autopeças, a indústria precisará entrar em um novo ciclo de investimentos para se manter competitiva.
Mas, ao mesmo tempo, garantir 1,3 milhão de empregos diretos e indiretos na cadeia automotiva – ou até ampliar esse contingente.
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Reflexos sore os combustíveis
Ainda segundo a Anfavea, mesmo no cenário de convergência global, com quase 2,5 milhões veículos eletrificados vendidos em 2035, a renovação natural da frota será muito lenta. Dessa forma, a frota circulante de leves ainda terá quase 80% de motores flex, enquanto praticamente 90% dos caminhões e ônibus nas ruas continuarão consumindo diesel.
Logo, a demanda por etanol e álcool anidro (presente em 27% na gasolina) exigirá altos investimentos da indústria sucroalcooleira, algo em torno de R$ 50 bilhões em 15 anos. O mesmo raciocínio vale para os produtores de diesel e biodiesel. Além disso, serão necessários investimentos significativos e mandatórios na produção de HVO (diesel de origem vegetal) para a frota circulante.
Outros pilares para o futuro dos carros elétricos
Dessa forma, se tornará inviável manter mais de 80% da frota com o tipo de combustível atual. Outros dados levantados através do estudo se referem aos estímulos governamentais, investimentos em energia e infraestrutura, redução de emissão de CO2 e as oportunidades em investimentos que o setor atrai.
Jornalista e especialista em comunicação empresarial, com bagagem de mais de três anos atuando ativamente no setor automotivo e premiada em 2016 por melhor reportagem jornalística através do concurso da Auto Informe. Atualmente dedica-se à redação do portal Garagem 360, produzindo notícias, testes e conteúdo multimídia sobre o universo automobilístico.