Carros autônomos são testados por montadoras e empresas de tecnologia
Apesar de ainda parecerem coisa de ficção científica, os carros autônomos – que rodam nem a necessidade de interferência do motorista – vez ou outra já podem ser vistos rodando por aí, principalmente na Europa e na América do Norte. Mas engana-se quem pensa que este tipo de veículo está sendo testado apenas pelas montadoras. Na realidade, muitas empresas ligadas ao ramo da tecnologia como Uber e Google têm investido na novidade.
Entre as marcas do setor automotivo, a Audi está um pouco adiantada, tanto que, em fevereiro deste ano, utilizou um A8 L W12 autônomo durante o Festival Internacional de Cinema de Berlim (Berlinale), na Alemanha. Na ocasião, o veículo sem motorista buscou o ator alemão Daniel Bhrül e sua namorada, Felicitas Rombold, em um hotel e os levou à cerimônia de abertura.
No caso da PSA Peugeot Citroën, ela colocou seus modelos de direção pilotada para fazer longas viagens pelas estradas do velho continente. O primeiro trajeto foi de Paris a Bordeaux, na França. Depois, um outro modelo rodou cerca de três mil quilômetros entre Paris e Madri, na Espanha. Segundo a companhia, o experimento foi um sucesso, e o carro conseguiu regular os limites de velocidade conforme a via em que estava, fazer ultrapassagens e completar o percurso sem a intervenção do condutor.
A Ford, por sua vez, já até testou um Fusion Hybrid autônomo em uma pista com neve, em Michigan, nos Estados Unidos. Além de deixar o asfalto escorregadio, o gelo cobriu sinais de trânsito e pontos de localização. Para a montadora, fazer com que o veículo funcione nessas condições adversas é um grande passo para a popularização da tecnologia de forma segura.
Além dessas, Tesla, Volvo e Mercedes-Benz trabalham no desenvolvimento de automóveis que não necessitarão de intervenção do ser humano. As três planejam lançar automóveis que dirigem sozinhos até 2020. Já a Kia divulgou que pretende colocar seu primeiro modelo autônomo nas ruas em 2030 – com um investimento de US$ 2 bilhões (aproximadamente R$ 7 bilhões), ela deverá começar a implantar o sistema parcialmente em sua linha daqui a quatro anos.
Fora do ramo
Longe do setor automotivo, muitas empresas também estão surfando na onda dos carros que dirigem sozinhos. A Google, por exemplo, já realizou uma série de testes nos Estados Unidos e até desenvolveu um veículo sem direção e pedal de aceleração, mas ainda não conseguiu colocá-lo na rua porque a legislação exige que os testes de autônomos sejam acompanhados por um motorista humano, que possa assumir o controle quando for preciso.
A Baidu, fabricante de produtos relacionados à informática e internet, desde o ano passado tem avaliado um BMW Série 3 equipado com sistema inteligente pelas vias de Pequim, na China. A companhia mais recente a entrar neste segmento é a Uber. Recentemente, ela anunciou que está testando um Ford Fusion Hybrid na cidade americana de Pittsburgh.
Acidentes
Os veículos autônomos em teste já se envolveram em uma série de acidentes leves. O primeiro considerado culpa da tecnologia de pilotagem autônoma envolveu o Lexus RX450h da Google, e foi registrado em fevereiro deste ano. De acordo com o relatório da empresa, o modelo autônomo tentou mudar de pista para desviar de alguns sacos de areia. Na hora da manobra, seu sistema, e o condutor que estava a bordo, acreditaram que o ônibus que andava na faixa ao lado iria reduzir a velocidade para deixá-lo entrar, o que não aconteceu. Eles, então, colidiram lateralmente.
Um estudo do Instituto de Pesquisa em Transporte da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, mostra que os carros autônomos tendem a se envolver em mais acidentes do que os convencionais. Por incrível que pareça, isso acontece porque o sistema segue as regras de trânsito muito à risca. No entanto, por dirigirem com mais precaução, as batidas são sempre mais leves, sem vítimas. Normalmente, os problemas são causados por outros motoristas desatentos ou que ficam impacientes quando o carro sem motorista anda a baixos limites de velocidade.