Caoa Chery: trabalhadores não aceitam demissões e seguem na luta
A Caoa Chery enviou comunicado de demissão aos funcionários da fábrica em Jacareí. Assembleia de trabalhadores decidiu por continuar luta.
A Caoa Chery enviou comunicados de demissão aos cerca de 600 funcionários de sua fábrica em Jacareí (SP), nesta quarta-feira (25). Em resposta, os trabalhadores decidiram, em assembleia, “que lutarão até o final pela preservação dos empregos e contra o fechamento da fábrica”, segundo informa o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região (SindMetal).
Sindicato vai protocolar ação civil pública, na Justiça do Trabalho, pedindo o cancelamento dos cortes feitos pela Caoa Chery
Os trabalhadores seguem com o acampamento em frente à fábrica, com o propósito de realizar uma mobilização por dia e o sindicato vai protocolar, na Justiça do Trabalho de Jacareí, na sexta-feira (27), uma ação civil pública pedindo o cancelamento das demissões. A organização sindical considera os cortes arbitrários.
Na manhã de quarta, os trabalhadores receberam telegramas enviados pela Caoa Chery, com o comunicado da rescisão de contratos. O SindiMetal apurou que foram enviados 580 telegramas. Ao todo, a fábrica possui 624 funcionários.
As demissões, segundo ressalta o sindicato, acontecem em meio às negociações que ainda estão em curso no Ministério Público do Trabalho (MPT).
“Não vamos descansar enquanto as demissões não forem canceladas. Vamos lutar até o final em defesa dos empregos e contra o fechamento da fábrica”, afirma o presidente do SindMetal, Weller Gonçalves. “Pressionaremos o poder público com toda força para que proíba a saída da Caoa Chery de Jacareí e esses cortes, que soam abusivos e ilegais”, promete.
O fechamento da fábrica
No dia 5 de maio, a Caoa Chery anunciou o fechamento da fábrica de Jacareí e a demissão de cerca de 480 trabalhadores. Na ocasião, a empresa explicou que faria o reposicionamento da sua gama de produtos no mercado nacional, prometendo eletrificar todos os modelos de seu portfólio até o fim de 2023.
A montadora informou ainda que essa readequação tinha por objetivo aumentar sua competitividade no âmbito nacional e internacional, seguindo os movimentos tecnológicos da indústria automotiva mundial.
A adaptação da unidade de Jacareí, de acordo com a montadora, teria como parâmetro os processos produtivos adotados na fábrica da Caoa em Anápolis (GO), que deve receber novos lançamentos no segundo semestre deste ano.
A fábrica em Jacareí era responsável pela produção dos modelos Tiggo 3 e Arizzo 6. Com a desmobilização, a empresa demitiu toda a equipe de produção e metade dos funcionários do setor administrativo.
Na terça-feira (24), cerca de 200 trabalhadores ocuparam a fábrica de Jacareí. A ocupação, que durou cerca de uma hora e meia, ocorreu em protesto “contra a falta de compromisso da empresa”, que voltou atrás em acordo assinado em ata, segundo o sindicato. Desde então, o grupo encontra-se acampado em frente à planta, em mobilização de luta.
Jornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.