Bateria também precisa de atenção
Acumuladora de energia, a peça é responsável por manter o bom funcionamento do sistema elétrico
“A bateria é como uma grande pilha que mantém a parte elétrica funcionando”. É com essa frase que Francisco Satkunas, engenheiro mecânico e conselheiro da Sociedade dos Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil), define o papel da peça na mecânica do carro. Indispensável, ela é cada vez mais exigida por conta da enorme quantidade de componentes eletrônicos existentes nos automóveis atualmente, e pode durar menos do que o previsto se não for tratada com atenção.
Vidros e travas elétricos, pára-brisa, sistemas de som e navegação GPS, alarme, câmera de ré, sensor de estacionamento… Tudo isso precisa de eletricidade. Como é obviamente impossível ligá-los a uma tomada, a bateria e o alternador ficam responsáveis por este trabalho, gerando energia elétrica ininterrupta para, além de garantir o funcionamento dos apetrechos, auxiliar na partida do veículo.
Enquanto, como exemplificado no início deste texto, a bateria serve como uma pilha, na mesma analogia o alternador viria a ser o carregador. No entanto, ao invés de estar plugado em uma corrente elétrica, ele desempenha a função conforme as rotações do motor. “Se dirigir de São Paulo até Santos (cerca de 55 km), o alternador vai carregar a bateria praticamente por completo”, afirma Satkunas.
O mesmo desempenho não é repetido em trechos extremamente curtos ou em trajetos com muitos pontos de lentidão e congestionamento. De acordo com o engenheiro, nestas viagens o carro tem de parar muitas vezes e quase não troca de marcha o que não faz com que o motor trabalhe em benefício do alternador e, consequentemente, carregue a bateria.
Manutenção
Quando o seu Volkswagen Gol não queria dar partida, o comerciante paulistano Eduardo Alcino, de 24 anos, temeu pelo pior. Com conhecimentos limitados sobre mecânica, ele contou com auxílio de um especialista, que o alertou que problema era a bateria – ela estava gasta e precisava de troca. Nada de surpreendente, uma vez que o compacto já estava há pelo menos dois anos com a mesma peça.
Não é surpresa também o carro de Alcino ter apresentado este problema. No último ano antes da falha do componente, o comerciante instalou um sistema de som mais potente e com DVD no painel. Tais alterações exigem mais energia e podem antecipar a troca da bateria. Deixar o carro com a luz acesa e o som ligado durante longos períodos são outros fatores que colaboram para o esgotamento.
De acordo com Satkunas, a vida útil média do equipamento é de dois anos e a revisão do componente precisa ser feita nesse tempo ou quando o carro atinge 50 mil quilômetros. “Ao chegar nestas marcas, é aconselhável levar o automóvel até uma concessionária ou autoelétrica para saber se a bateria ainda está em condições de uso”, avalia.
Além da manutenção preventiva, alguns sinais podem indicar se é ou não hora de descartar o equipamento atual. Comparar o barulho do motor na hora da partida é uma dica. A outra é parar em frente a uma parede em um ambiente escuro (em uma garagem, por exemplo), ligar os faróis e então acelerar o carro. Se houver alteração na intensidade das luzes, a bateria não está funcionando em condições ideais, assim como se notar que as luzes do painel também piscam eventualmente.
Gastos necessários
O preço da bateria varia de acordo com o fabricante e o modelo, mas, em média, custa R$ 600, sem contar os gastos com de mão de obra. Para quem quer economizar, a dica do conselheiro da SAE Brasil é uma só: pesquisar. “É preciso ver os preços de várias marcas e em diversos estabelecimentos. Dessa forma pode-se encontrar boas baterias com nomes desconhecidos por R$ 200 ou R$ 250 e que terão o mesmo resultado de marcas mais famosas”, garante. Já o alternador exige que o motorista abra mais a carteira – custa cerca de R$ 1.000.
Quem estiver disposto, ainda pode procurar no mercado de bens remanufaturados baterias de renome e com preços abaixo do mercado. Assim como acontece com aparelhos celulares, há peças classificadas como “refurbished”. Tratam-se de itens que foram devolvidos às fábricas pois apresentaram algum defeito e, após a correção do problema, são postos a venda novamente com preços cerca de 30% mais baratos.
Rodrigo Loureiro é repórter do site Garagem 360 e da Agência Entre Aspas. Em 2014 atuou na redação do portal UOL Esporte e também já escreveu para as editorias de tecnologia e turismo de outros portais e publicações.