Bateram no meu carro, e agora?
Manter a calma, tirar os veículos da via e fazer o boletim de ocorrência são fundamentais nesta situação
Se tivesse lido esta reportagem antes de ter recebido um tranco de outro veículo em seu Nissan March enquanto voltava da faculdade para casa, em março deste ano, a estudante paulistana Anna Carolina Almeida, de 24 anos, poderia ter se poupado do estresse da ocasião. Aflita por ter danificado o carro recém comprado, ela começou a chorar e, para sua sorte, foi amparada pelo motorista culpado pelo acidente.
A vítima relembra que o homem, na faixa dos 40 anos, afirmou que se distraiu por um instante, perdendo o controle do veículo e, quando deu por si, já era tarde demais para frear. “Ele foi um cara decente. Poderia ter fugido tranquilamente, porque eu nem pensei em anotar a placa ou sair do carro para tirar satisfação. Mas ele imediatamente foi me pedir desculpas”, diz Anna Carolina.
A batida foi leve e apenas amassou a traseira do compacto japonês, mas se a estudante tivesse partido para a briga, a situação poderia ter sido pior. “O despreparo pode ser fatal. O importante é ter calma e adotar as medidas necessárias para garantir a segurança de todos”, destaca Marcos Traad, diretor-geral do Departamento Estadual de Trânsito (Detran).
Sinalização é fundamental
Mesmo em acidentes sem vítimas, além de manter a calma, a primeira coisa a se fazer é remover os veículos da via para não atrapalhar muito o trânsito. Caso isso não seja possível, aí será preciso sinalizar bem o local – o triângulo deve ser posicionado entre 20 e 30 metros de distância.
O próximo passo é ligar para a Polícia Militar ou a Polícia Rodoviária – os agentes poderão auxiliar na troca da documentação entre os envolvidos e a acalmar os ânimos de motoristas emocionalmente abalados.
Na sequência, é fundamental solicitar o Boletim de Ocorrência. Em alguns casos uma viatura da polícia vai até o local, mas, no geral, são os motoristas que devem se deslocar até a delegacia mais próxima.
“Tanto o causador quanto a vítima podem fazer o B.O.. É importante que o cidadão que se sentiu lesado faça o boletim e também colete testemunhas e dados para suprir a instrução do processo”, indica Valterlei Mattos dos Santos, tenente-coronel e comandante do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) no Paraná.
Bateu e fugiu
Se o culpado pela batida tiver seguro, ele pode ou não acioná-lo, pois, dependendo do custo do reparo, às vezes o valor da franquia é mais caro. Independentemente disso, o B.O. não deve ser esquecido, para que fique provado que o acidente realmente ocorreu. Fora que, com o documento oficial, fica mais difícil o responsável negar seu envolvimento para não pagar o conserto.
Apesar de ser errado, muita gente ainda se recusa a arcar com os compromissos ou então foge do local do acidente. Quando isso acontece, é imprescindível anotar o número da placa, bem como o modelo e a marca do carro. Com essas informações é possível fazer o boletim de ocorrência e, para resolver o problema, entrar com uma ação na justiça. Se o valor do reparo for igual ou inferior a 40 salários mínimos, vale a pena recorrer ao Juizado Especial Cível de Pequenas Causas.
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Rodrigo Loureiro é repórter do site Garagem 360 e da Agência Entre Aspas. Em 2014 atuou na redação do portal UOL Esporte e também já escreveu para as editorias de tecnologia e turismo de outros portais e publicações.