Ato nacional exige permanência da fábrica da Caoa Chery em Jacareí (SP)
Dirigentes sindicais de várias partes do País participaram de ato nacional contra o fechamento da fábrica da Caoa Chery em Jacareí (SP).
Dirigentes sindicais do Vale do Paraíba e de várias partes do País participaram do ato nacional contra o fechamento da Caoa Chery, em frente à fábrica de Jacareí (SP), na segunda-feira (30). Em forma de protesto, os trabalhadores queimaram os telegramas enviados pela montadora na semana passada com o anúncio das demissões.
Protestos reúnem 200 manifestantes em frente à fábrica da Caoa Chery
Os protestos aconteceram em frente à fábrica da Caoa Chery em Jacareí. Entre os cerca de 200 manifestantes estavam representantes de sindicatos da região, do Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais, além de centrais sindicais, ativistas, movimentos sociais, associações, partidos políticos e trabalhadores da Avibras, Caoa Chery e CSN, do Rio de Janeiro.
Na semana passada, o juiz Lucas Cilli Horta, da 2ª Vara do Trabalho de Jacareí, havia concedido liminar, ainda válida, suspendendo a demissão dos 580 trabalhadores da fábrica.
Weller Gonçalves, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região (SindMetal), abriu o ato falando sobre o processo de luta que resultou na liminar que cancelou as demissões feitas por e-mail e telegrama. Em seguida, Aristeu Neto, advogado do sindicato, ressaltou a necessidade de manter a mobilização, mesmo com a vitória parcial na Justiça do Trabalho.
“É muito importante prosseguir mobilizado, porque o juiz olha para a sociedade e acompanha a luta dos trabalhadores. É fundamental seguir com essa coragem de vocês. Aqui a luta só vai terminar quando a fábrica atender às reivindicações formuladas pelos trabalhadores”, declarou Neto.
As demissões haviam sido efetivadas no último dia 25, como consequência dos planos de fechamento da fábrica pela Caoa Chery. Os cortes foram feitos em meio a negociações mediadas pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e que ainda estão em curso. Uma nova audiência está marcada para esta quarta-feira (1º), às 14h.
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Proposta de layoff
Desde o início das negociações, o SindMetal propõe cinco meses de layoff e mais três meses de estabilidade como forma de preservação dos empregos. O sindicato exige também a permanência da montadora no município.
Por outro lado, a empresa insiste em pagar apenas uma indenização social de sete a 15 salários nominais.
O plano de layoff chegou a ser aceito pela montadora, conforme registrado em ata de reunião ocorrida no dia 10 de maio. Entretanto, pouco depois, a Caoa Chery se negou a honrar o compromisso e voltou atrás em sua decisão. Essa quebra de acordo foi um dos argumentos usados pelo sindicato no pedido de liminar.
Durante o ato desta segunda, os trabalhadores votaram pela continuidade da mobilização também em caráter nacional.
“Nós exigimos das centrais sindicais que se organizem num amplo movimento nacional de solidariedade aos trabalhadores da Caoa Chery, realizando atos e manifestações em todas as concessionárias da marca. Não ao fechamento da fábrica!”, exclamou Luiz Carlos Prates, o Mancha, dirigente da CSP-Conlutas.
- Estas foram as entidades presentes ao ato de protesto:
- Sindicato dos Metalúrgicos de Itajubá
- Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté
- Sindicato dos Metalúrgicos de Pindamonhangaba
- Sindicato dos Químicos de São José dos Campos
- Sindicato da Alimentação de São José dos Campos e Região
- Sindicato dos Correios do Vale do Paraíba
- Sindicato dos Servidores Municipais de Jacareí
- Sindicato dos Municipários de Bagé
- Sindicato dos Servidores Municipais de Maringá
- Associação Democrática dos Aposentados e Pensionistas do Vale do Paraíba (Admap)
- Movimento Mulheres em Luta
- Movimento Marielle Vive
- Comissão de trabalhadores da CSN
- Federação dos Trabalhadores do Setor de Borracha do Estado de São Paulo
- Federação dos Metalúrgicos de Minas Gerais
- CSP-Conlutas
- Central Única dos Trabalhadores (CUT)
O fechamento da fábrica
No dia 5 de maio, a Caoa Chery anunciou o fechamento da fábrica de Jacareí e a demissão de cerca de 480 trabalhadores. Na ocasião, a empresa explicou que faria o reposicionamento da sua gama de produtos no mercado nacional, prometendo eletrificar todos os modelos de seu portfólio até o fim de 2023.
A montadora informou ainda que essa readequação tinha por objetivo aumentar sua competitividade no âmbito nacional e internacional, seguindo os movimentos tecnológicos da indústria automotiva mundial.
A adaptação da unidade de Jacareí, de acordo com a montadora, teria como parâmetro os processos produtivos adotados na fábrica da Caoa em Anápolis (GO), que deve receber novos lançamentos no segundo semestre deste ano.
A fábrica em Jacareí era responsável pela produção dos modelos Tiggo 3 e Arizzo 6. Com a desmobilização, a empresa demitiu toda a equipe de produção e metade dos funcionários do setor administrativo.
Jornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.