Além de Hyundai e Stellantis, Mercedes-Benz também anuncia que vai parar

A Mercedes-Benz é outra montadora a anunciar a paralisação da produção de veículos por conta, principalmente, da queda no volume de vendas.

As montadoras presentes no mercado brasileiro enfrentam novamente dificuldes de produção. Dessa vez, a Mercedes-Benz anunciou férias coletivas; entenda o motivo.

Entenda a crise do setor automotivo e por que a Mercedes-Benz vai parar

Montadora fala em “adequação dos volumes de vendas do mercado” (Foto: Divulgação/MErcedes-Benz)

A Mercedes-Benz é outra montadora a anunciar que vai parar a linha de montagem de veículos por conta da falta de componentes e, principalmente, da queda no volume de vendas.

A empresa colocará em férias coletivas 300 funcionários que atuam na fábrica de São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista. Eles ficarão afastados de suas funções entre os dias 3 de abril e 2 de maio. Na unidade industrial, a montadora alemã produz caminhões.

A interrupção da produção da fábrica de São Bernardo do Campo foi inicialmente divulgada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, no final da tarde de segunda-feira (20). Na manhã desta terça (21), a Mercedes-Benz confirmou, por nota, as férias “de forma parcial para colaboradores de algumas áreas das linhas produtivas”.

Segundo a empresa, além da falta de componentes eletrônicos, seria necessária a “adequação dos volumes de vendas do mercado de veículos comerciais”.

O diretor-executivo do sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva, destaca que a mudança para o Euro 6 – conjunto de normas regulamentadoras sobre emissão de poluentes para motores a diesel – foi o primeiro impacto para o aumento do custo dos caminhões neste ano.

“Tivemos complicadores macroeconômicos principalmente para o financiamento dos caminhões, porque é preciso aprimorar a linha de crédito para o chamado Euro 6. Temos problemas com a alta taxa de juros, o preço do capital (para financiamento) é muito mais alto”, aponta Silva.

Os juros altos também foram apontados como vilãos pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, para explicar a crise do setor produtivo brasileiro, em especial na indústria da transformação. Em seminário promovido pelo BNDES, nesta segunda, Gomes definou as taxas de juros como “pornográficas”.

Em São Bernardo do Campo, a Mercedez-Benz conta com cerca de 8 mil trabalhadores, sendo 6 mil deles alocados na produção.

Outras montadoras paralisam a produção

Paralisação na Hyundai em Piracicaba-SP afeta produção de HB20 e Creta (Foto: Divulgação/Hyundai)

Os resultados aquém das expectativas obtidos pelas montadoras instaladas no Brasil mudaram a situação da indústria, agora com elevados níveis de estoque de veículos em seus pátios. 

As vendas esperadas para o mês de janeiro eram da ordem de 144 mil veículos, porém foram registradas somente130 mil unidades vendidas, segundo dados do Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam). Em fevereiro, a expectativa era a comercialização de 131 mil veículos, mas o resultado mal chegou aos 120 mil.

Se é certo que a falta de componentes, em especial os semicondutores (microchips) tem afetado algumas linhas de produção, a verdade é que isso hoje ocorre apenas de forma pontual. Especialistas do mercado automotivo apontam que o volume de vendas está em queda por conta da redução do poder aquisitivo das pessoas e da dificuldade do acesso ao crédito devido aos juros altos.

Assim, desde a segunda-feira, os 2 mil funcionários dos três turnos da fábrica de Hyundai em Piracicaba-SP, onde a marca coreana produz os modelos HB20 e Creta, estão em férias coletivas. A paralisação vai até o dia 3 de abril. 

A montadora informou que a interrupção das linhas de montagem está sendo levada a cabo para adequação dos volumes de produção para o mês de março “evitando a formação de estoques e acompanhando a dinâmica do mercado interno no primeiro trimestre”.

A partir desta quarta-feira (22), entram em férias coletivas os funcionários do segundo turno de trabalho na fábrica da Stellantis em Goiana-PE, onde são produzidos os modelos Jeep Compass, Renegade e Commander, além da picape Fiat Toro. Neste caso, a paralisação vai até o dia 10 de abril. 

Na mesma fábrica, os outros dois turnos restantes também vão parar entre os dias 2 e 6 de abril – assim, interrompendo completamente a montagem de veículos na unidade.

A fábrica da General Motors (GM) em São José dos Campos-SP se encontra paralisada desde o dia 4 de março. A empresa concedeu férias coletivas para 80% de seu efetivo de 4 mil colaboradores. Na unidade, são produzidos os modelos Chevrolet S10 e Trailblazer.

“Há a queda do consumo de forma geral das famílias brasileiras e isso afeta o varejo, que é uma parte importante do segmento de transporte no Brasil”, analisa o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Escrito por

Paulo Silveira Lima

Jornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.

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