Afinal, por que o 99 Food vai deixar de operar? Entenda
O 99 Food não divulgou os motivos exatos que levaram à decisão de deixar de operar no País. Porém, existem indícios das causas. Confira!
Com apenas três anos e meio de mercado, a empresa caçula do segmento de entrega de comida, o 99 Food, já está se despedindo do mercado brasileiro.
Entenda por que o 99 Food vai deixar de operar no Brasil
A empresa, que atuava em quase 60 cidades em 22 Estados brasileiros, não divulgou os motivos exatos que a levaram a tomar a decisão. No entanto, alguns fatores podem ser apontados como possíveis causas para a empresa deixar de operar no mercado de delivery.
Sócio da GoldStreet Venture Capital e mentor de negócios digitais, o consultor Dennis Nakamura aponta que o anúncio da saída do 99 Food, controlada pela gigante chinesa Didi Chuxing, deve-se às novas configurações do mercado nacional de delivery online. O especialista aponta como prováveis motivos os fatores a seguir.
1- Concorrência acirrada no mercado
A concorrência no mercado de delivery de comida no Brasil está feroz. O 99 Food “chegou tarde no mercado, em um momento em que já existiam diversas plataformas consolidadas, como o iFood, o Rappi e o próprio Uber Eats. A entrada tardia fez com que a empresa tivesse que competir com empresas já estabelecidas com grande poder de investimentos e marketing, o que pode ter dificultado sua consolidação no mercado”, aponta Nakamura.
“Num mercado já consolidado, altos investimentos são essenciais para a aquisição de clientes, que muitas vezes já estão cativos dos concorrentes. A outra forma de se ganhar mercado é se utilizar das falhas de mercado e dos concorrentes, porém isso requer muito conhecimento do segmento e capilaridade de informações, que nem sempre estão facilmente disponíveis a todos”, afirma.
2- A natureza do negócio do delivery
No geral, no setor de logística se ganha eficiência com o que é chamado de “consolidação de carga” – quando uma mesma pessoa faz diversas entregas numa única rota, economizando tempo, energia e combustível do veículo. É o que tem acontecido com a expansão dos centros de distribuição e dos centros de consolidação de carga em todo o País.
“Porém isso é difícil de se realizar no segmento do delivery de comida, uma vez que o produto é altamente perecível. Um atraso de 10 minutos já é suficiente para gerar reclamações por parte dos famintos consumidores que receberam suas comidas fora da temperatura esperada, quase obrigando com que a entrega dificilmente seja consolidada com o pedido de outro consumidor”, afirma o especialista.
3- Risco político afeta os apps de delivery
Se antes o risco político desses aplicativos era alto, agora o risco chega em novos níveis com a falta de conhecimento sobre o funcionamento da economia e o mercado de delivery dos governantes e juízes federais, analisa Nakamura. “Diferentemente dos países desenvolvidos, geralmente, numa tentativa de ajudar os trabalhadores, acabam criando regras que os atrapalham na maioria das vezes, aumentando enormemente o risco e passivo trabalhista”, defende.
4- Busca por maior rentabilidade
Por fim, a saída do 99 Food pode estar relacionada à busca por uma maior rentabilidade. Apesar da facilidade gerada pelo acordo fechado em fevereiro de 2023 entre a plataforma líder do segmento, a iFood, e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o mercado de delivery no Brasil continua altamente competitivo no quesito que Nakamura chama de “espaço de tela do usuário” – uma vez que o consumidor não costuma instalar mais de três aplicativos do mesmo uso em seu celular.
Isso pode ter tornado difícil para o 99 Food alcançar um bom posicionamento entre os usuários desse tipo de serviço e, em consequência, a empresa não obteve a rentabilidade necessária para manter suas operações no País.
Jornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.