Afinal, o que esperar do mercado de seminovos no Brasil?
O CEO da InstaCarro mostra a sua opinião sobre o futuro do mercado de seminovos, e fala como há oportunidades em meio a crise dos 0 km.
Desde 2020, o mercado automotivo vive uma montanha russa de acontecimentos, a pandemia, paralisação de fábricas, a saídas de marcas como a Ford do mercado brasileiro, a falta de componentes automotivos. E, claro, tudo isso faz com que os preços fiquem na altura. Dessa forma, o que esperar do setor, e como atinge o mercado de seminovos?
O que acontecerá com o mercado de seminovos?
O CEO da InstaCarro, Luca Cafici, explica que todos esses problemas têm causado o efeito oposto no mercado de seminovos e usados, que está supervalorizado e aquecido:
“Nos últimos meses de 2021 temos visto uma alta demanda por carros seminovos, o que é explicável com toda a escassez de novos, e devido a isso, há uma valorização inimaginável para esse setor até então. Para se ter uma ideia, há lojistas comprando veículos por valores acima da tabela FIPE, para conseguir dar conta da demanda. E claro, os preços de revenda também estão valorizados, mas ainda compensatórios”.
A crise sanitária causada pelo Covid-19 também alcançou diversos outros setores, além da saúde. O de automóveis, por exemplo, tem sofrido com a falta de insumos, além das dificuldades econômicas, que levaram até mesmo à saída da Ford do Brasil. E todas essas questões estão elevando consideravelmente os preços dos zero quilômetros.
Antes da pandemia, os chamados “populares”, que costumam ter preços mais acessíveis, eram facilmente adquiridos por valores entre R$ 35 mil a R$ 40 mil reais. E hoje, é impossível encontrar esses modelos por menos de R$ 50 mil.
Veja também: Tudo sobre o VW Gol 2022, um dos carros mais econômicos do Brasil!
O Brasil é o terceiro maior mercado de automóveis do mundo. E mesmo com a crise instaurada não perdeu o posto. Cafici afirma que o país tem atraído cada vez mais marcas com propostas inovadoras. A digitalização nesse setor vem acontecendo com força, o que era inimaginável em meados de 2015.
E há muitas expectativas positivas para esse mercado nos próximos anos. Principalmente porque um dos maiores empecilhos para esse segmento ser digitalizado acabou sendo “resolvido” pela pandemia.
“Há cinco anos atrás o mercado era completamente desconfiado com a digitalização, pois acreditava-se que era possível apenas comprar e vender um veículo presencialmente. O processo era ir atrás de compradores, particulares ou lojistas, para que avaliassem o carro, e vendê-lo para quem desse um valor mais alto. E aí entravam diversas burocracias de cartório, transferências bancárias, etc., que exigiam, de ambos os lados, o acompanhamento de todo o processo presencialmente.”, pontua Luca Cafici.
Para ele, trabalhar a confiança nesse mercado foi um dos maiores desafios nos últimos anos. E vale até ressaltar, que mesmo com tudo o de negativo que a pandemia trouxe, ela acelerou o processo de digitalização. Pois muitas pessoas precisaram confiar no digital nesse último ano. E isso com certeza será uma das poucas, talvez a única, herança positiva de toda a crise.
“O que posso dizer é que a digitalização e a confiança de clientes e lojistas é o que fará com que esse mercado permaneça aquecido nos próximos anos. Arrisco dizer que a percepção de valor dos seminovos e usados também pode mudar daqui para frente, pois o consumidor que viveu boas experiências nesse período pode levá-las em consideração nas próximas aquisições”, fala o Cafici.
“O questionamento pode vir a ser: ‘o quanto vale a pena investir em um carro novo, podendo encontrar boas opções, com preços mais justos, no mercado de seminovos’, por exemplo”, continua o CEO.
Por fim, o CEO da InstaCarro diz que é possível afirmar que esse mercado ainda passará por muitas transformações. Mas para quem aposta na inovação e na resolução de problemas, esse é o cenário ideal para novas oportunidades. Ele completa dizendo que o mercado investirá forte em tecnologias que vão levar cada vez mais eficiência a clientes e também lojistas. A experiência deve ficar cada vez mais positiva para todos os envolvidos.
Jornalista e especialista em comunicação empresarial, com bagagem de mais de três anos atuando ativamente no setor automotivo e premiada em 2016 por melhor reportagem jornalística através do concurso da Auto Informe. Atualmente dedica-se à redação do portal Garagem 360, produzindo notícias, testes e conteúdo multimídia sobre o universo automobilístico.