Acordo da BYD e Lula ameaça 70% dos empregos indiretos e investimento de R$ 180 bilhões
Redução de impostos para a BYD pode prejudicar a indústria nacional, afetando milhares dos empregos e investimentos de R$ 180 bilhões
A semana começou tensa no setor automotivo. O possível acordo da BYD com o governo de Lula tem gerado um grande debate no setor automotivo brasileiro. A gigante chinesa ainda não iniciou a produção em sua fábrica de Camaçari (BA), mas já está pressionando para obter incentivos fiscais antes disso acontecer.
A BYD solicitou uma redução significativa nas tarifas de importação de kits CKD e SKD, de 18-20% para 5-10%. A medida, se aprovada, pode afetar não apenas a competitividade da indústria nacional, mas também os empregos e investimentos que já estão em andamento no país. Acompanhe o Garagem360 e entenda o caso.
O que está em jogo com o acordo da BYD?
O pedido da BYD à Presidência da República visa a redução dos impostos de importação para kits de veículos, algo que está gerando descontentamento entre as montadoras que já operam no Brasil.
A princípio, executivos da Volkswagen, Toyota, Stellantis e GM enviaram uma carta para o Presidente Lula, alertando que, se o acordo for aprovado, poderá prejudicar a indústria nacional e a geração de empregos no país.
Essas empresas temem que a redução das tarifas não seja uma medida transitória, mas uma estratégia de montagem de veículos de baixo custo, o que comprometeria o valor agregado da produção e reduziria os postos de trabalho, especialmente nas indústrias de autopeças.
Leia a carta assinada pelos presidentes das marcas (Emanuelle Cappellano da Stellantis, Santiago Chamorro da General Motors, Ciro Possobom da Volkswagen e Evandro Maggio da Toyota) enviada ao Presidente Lula:
“É nosso dever alertar, Senhor Presidente, que esse ciclo virtuoso de fortalecimento da indústria nacional está sendo colocado em risco e sofrerá forte abalo se for aprovado o incentivo à importação de veículos desmontados para serem acabados no país.
Ao contrário do que querem fazer crer, a importação de conjuntos de partes e peças não será uma etapa de transição para um novo modelo de industrialização, mas representará um padrão operacional que tenderá a se consolidar e prevalecer, reduzindo a abrangência do processo produtivo nacional e, consequentemente, o valor agregado e o nível de geração de empregos.
Por uma questão de isonomia e busca de competitividade, essa prática deletéria pode disseminar-se em toda a indústria, afetando diretamente a demanda de autopeças e de mão de obra. Seria uma forte involução, que em nada contribuiria para o nível tecnológico de nossa indústria, para a inovação ou para a engenharia nacional. Representaria, na verdade, um legado de desemprego, desequilíbrio da balança comercial e dependência tecnológica”
Como o acordo pode impactar o Brasil?
O impacto do acordo da BYD vai além da competição desigual entre as montadoras. Caso a redução dos impostos seja aprovada, estima-se que até 70% dos empregos indiretos no setor automotivo possam ser ameaçados, além de colocar em risco R$ 180 bilhões de investimentos programados pelas grandes montadoras.
De acordo com os executivos das empresas locais, os R$ 180 bilhões de investimentos já estão comprometidos para o desenvolvimento de novos modelos, sistemas híbridos e eletrificados e expansão das operações.
Inicialmente, esses investimentos incluem R$ 130 bilhões para o desenvolvimento de veículos e R$ 50 bilhões destinados a fornecedores e produção local.
Carros elétricos vão ficar mais baratos?
Se a redução de impostos for aprovada, a BYD poderá baixar o preço de seus carros elétricos no Brasil, oferecendo um produto mais acessível ao consumidor.
Porém, isso criaria uma competição desleal com as montadoras já instaladas no país, que continuariam a produzir localmente e a arcar com custos mais elevados. Embora o preço final dos veículos da BYD seja reduzido, a indústria brasileira poderá enfrentar dificuldades para se manter competitiva.
- Redução de impostos para a BYD pode resultar em preços mais baixos para seus veículos elétricos.
- Concorrência desleal: As montadoras locais que já realizam a produção completa no Brasil podem perder competitividade.
- Impacto nos empregos: O modelo de montagem de kits SKD pode afetar negativamente a indústria de autopeças e a geração de empregos diretos e indiretos.
Quantos empregos estão em jogo?
Abaixo, veja como as montadoras Volkswagen, Toyota, Stellantis e GM estão comprometidas com o desenvolvimento e os investimentos no Brasil, gerando milhares de empregos:
Montadora | Investimento Programado | Empregos Criados | Área de Atuação |
---|---|---|---|
Volkswagen | R$ 30 bilhões | 20.000 empregos | Produção de carros e autopeças |
Toyota | R$ 20 bilhões | 18.000 empregos | Híbridos, eletrificados e autopeças |
Stellantis | R$ 50 bilhões | 25.000 empregos | Produção e fornecedores de peças |
GM | R$ 30 bilhões | 20.000 empregos | Híbridos, eletrificados e autopeças |
A redução de impostos e a vantagem para a BYD podem afetar essas perspectivas de empregos e investimentos. Isso pode resultar não apenas em uma perda de competitividade, mas também na desvalorização dos empregos que a indústria já está gerando no país.
E você, o que acha sobre o acordo da BYD e seu impacto no Brasil? Acha que isso prejudicará a indústria nacional e os empregos no país? Comente abaixo!
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Formada em Administração de Empresas, Jornalismo e mestranda em Comunicação. Apaixonada por setor automobilístico, true crime e livros. Fez da escrita e produção de conteúdo sua paixão e profissão.