Acidentes com carros autônomos: qual é o futuro dos modelos sem motorista?
Nos últimos meses, alguns acidentes com carros autônomos colocaram em dúvida a segurança sobre o desenvolvimento da tecnologia.
Nos últimos meses, alguns acidentes com carros autônomos colocaram em dúvida a segurança sobre seu desenvolvimento. O caso mais emblemático foi o que aconteceu no Arizona, nos Estados Unidos, quando uma mulher foi atropelada e morreu. Isso fez com que a Uber suspendesse todos os testes por tempo indeterminado.
A fatalidade gerou um debate sobre a segurança desses veículos e se eles realmente serão capazes de evitar acidentes. Segundo o professor de automação e robótica do IBMEC Pablo Moreira, a morte causada pelo atropelamento mostra o quanto a tecnologia ainda precisa avançar.
“Tem que evoluir muito. No caso específico do modelo autônomo da Uber, existe discussão sobre o sensor instalado sobre o carro. Ele gira e faz o monitoramento em 360º”, explica o professor. “Apesar de ser um equipamento muito caro, não é perfeito. A cada 60 ms, ele dá uma volta em torno de si para completar o escaneamento. Neste intervalo, uma pessoa corre cerca de um metro. Então, não é impossível que alguém pule na frente do veículo e seja atropelado.”
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Outro sistema utilizado é o de câmeras, como o dos modelos da Tesla. “Tudo é com processamento de imagens para detectar os rostos das pessoas, por exemplo” conta Pablo. “O que era utilizado pela Uber faz o escaneamento do ambiente a laser e tem uma qualidade melhor.”
Humanos x carros autônomos
De acordo com Pablo, mesmo com todo o avanço que a tecnologia autônoma ainda precisa ter, o acidente era inevitável. “A polícia disse que mesmo um motorista humano não seria capaz de evitar a colisão. Vale lembrar que um carro autônomo não se distrai e tem um tempo de resposta menor”, afirma.
Apesar de já existirem carros que podem frear automaticamente ou realizar balizas sem interferência humana, existe um longo caminho até que tudo seja completamente autônomo. “Acidentes, fatais ou não, com carros inteligentes ou não, ainda irão ocorrer. Por ano, por exemplo, um milhão de pessoas morrem por falha humana no trânsito ao redor do mundo. A tecnologia do carro autônomo ainda tem muito a evoluir para diminuir isso.”
Futuro sem motorista
A indústria já promete carros totalmente autônomos a curto prazo. Um dos maiores grupos do mundo, a General Motors planeja lançar um modelo já em 2019, sem pedais e volante. Outras montadoras, como a Honda, prometem lançar algum veículo assim até 2025.
Mesmo com esses planos, Pablo defende que ainda vai demorar para que toda a frota do mundo seja autônoma. “Para que isso aconteça, precisa de uns 30 anos de produção em massa. A indústria sabe que carro ainda é visto como um sonho, que há esse lado da paixão e do prazer em dirigir. Qual seria a graça de Ferrari autônoma?”, comenta.
“Talvez, em um futuro mais distante, haja restrições de via para veículos com motoristas. Ou até mesmo um preço maior na hora de alugar um carro, com o condutor assinando um termo de responsabilidade por estar ao volante e não com um autônomo”, finaliza o professor.
Por mais que já haja um grau avançado de sistemas semiautônomos – algo inimaginável há alguns anos, veículos que andam sozinhos para cima e para baixo ainda estão distantes. Pode ser que na próxima década haja um ou outro modelo, mas a caminhada ainda será grande.
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Na galeria, confira os carros autônomos que já estão em teste pelo mundo.
Jornalista formado na Universidade Metodista de São Paulo e participante do curso livre de Jornalismo Automotivo da Faculdade Cásper Líbero, sou apaixonado por carros desde que me conheço por gente. Já escrevi sobre tecnologia, turismo e futebol, mas o meu coração é impulsionado por motores e quatro rodas (embora goste muito de aviação também). Já estive na mesma sala que Lewis Hamilton, conversei com Rubens Barrichello e entrevistei Christian Fittipaldi.