A vez de Taubaté: VW decide aplicar férias coletivas na unidade; entenda

Após ter recentemente paralisado suas outras três fábricas, a VW decide dar férias coletivas na unidade de Taubaté pelo mesmo motivo.

Após ter paralisado suas fábricas em São Bernardo do Campo-SP, São José dos Pinhais-PR e São Carlos-SP, entre o final de fevereiro e o início de março, a Volkswagen anunciou na terça-feira (14) que irá interromper a produção em Taubaté-SP pelo mesmo motivo: a falta de componentes. Desta vez, a VW vai dar férias coletivas na unidade por um período de 10 dias.

Entenda por que a VW decidiu dar férias coletiva na unidade de Taubaté

Linha de produção da VW em Taubaté será paralisada por falta de semicondutores (Foto: Divulgação/VW)

Segundo informa o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região (Sindimetau), cerca de 2 mil funcionários permanecerão em casa no período entre 27 de março e 5 de abril. 

De seu lado, a VW reforça que, além da instabilidade no fornecimento de semicondutores (microchips), a decisão foi tomada também devido à necessidade de manutenção na linha de produção. Confira a nota oficial da montadora:

“A Volkswagen do Brasil confirma a adoção de 10 dias de férias coletivas na fábrica de Taubaté, a partir de 27 de março de 2023, para manutenção na linha de produção da unidade e também em razão da instabilidade na cadeia de fornecimento de componentes. A ferramenta faz parte do pacote de flexibilidade previsto em Acordo Coletivo com o Sindicato e trabalhadores da Volkswagen”.

A unidade de Taubaté é a base produtiva do Polo e do Polo Track, mais recente lançamento da marca alemã no Brasil, que chegou com a missão de substituir o Gol no portfólio da VW. Sem os semicondutores, não há como seguir adiante.

Entenda a crise dos semicondutores

Microchips são essenciais para os carros tecnológicos de hoje (Foto: AdobeStock)

A crise dos semicondutores eclodiu em 2020, com a pandemia de Covid-19, que paralisou produção de microchips na China e em outros centros produtores. 

De tecnologia eletrônica, os microchips, igualmente conhecidos como circuitos integrados, são blocos de construção essenciais para os produtos do mundo digital, com aplicação essencial em veículos automotivos – cujos novos modelos estão cada vez mais tecnológicos e conectados.

A produção de circuitos integrados depende de uma cadeia de abastecimento extremamente complexa e interdependente, na qual países de todo o mundo participam. Uma grande empresa de semicondutores pode contar com até 16.000 fornecedores altamente especializados e localizados em países diversos.

Isso torna a cadeia de abastecimento mundial vulnerável, porque é facilmente afetada por eventos geopolíticos extremos. Foi isso, o que aconteceu logo após a pandemia de Covid-19.

Acontecimentos, como a guerra na Ucrânia, trouxeram desafios adicionais para o setor dos circuitos integrados. E outros eventos, como incêndios e secas em várias regiões do mundo, impactaram grandes fábricas e pioraram a crise de escassez de semicondutores.

A atual escassez continuará a existir ao longo de 2023, uma vez que a maioria das soluções existentes são de longo prazo. Por exemplo, são necessários de dois a três anos para a construção de uma nova fábrica de circuitos integrados de semicondutores.

Somente em 2022, as montadoras instaladas no Brasil pararam suas fábricas 36 vezes, deixando de produzir mais de 250 mil veículos, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Segundo projeção da AutoForecast Solutions, divulgada no final de fevereiro, aindústria automotiva global vai deixar de produzir quase 2,8 milhões de veículos até o fim deste ano por causa da crise dos semicondutores.

Escrito por

Paulo Silveira Lima

Jornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.

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