A corrida pelos carros elétricos: Brasil ficará por último?

Corrida pelos carros elétricos: Brasil ficará por último? Especialista e sócio da Elev falou com o Garagem360 sobre esse desafio, saiba mais!

No último mês de agosto, por exemplo, o governo americano de Joe Biden anunciou medidas para acelerar a indústria dos carros elétricos no país. Além disso, a Europa e a China já avançam na eletrificação dos automóveis há muitos anos. Mas, e no Brasil? Como o País fica na corrida pelos carros elétricos?

O especialista no assunto e sócio-fundador da Elev, Rodrigo Aguiar, falou com o Garagem360. Continue acompanhando!

Foto: Pixabay

Vamos chegar por último na corrida pelos carros elétricos?

“Precisamos de muito planejamento para avançarmos”, fala Rodrigo Aguiar. O especialista também chama a atenção para o fato de que, diferentemente da década de 1970, o Brasil apresentou ao mundo a alternativa do etanol. E, ainda, assim, há uma grande demora para tomar uma posição mais consciente sobre os carros elétricos.

“Na minha análise, essa posição necessita ser tomada a partir da estruturação do país para a utilização destes automóveis”, fala Aguiar.

De acordo com o especialista, primeiramente, o Brasil precisa analisar as diferenças primordiais entre o nosso país e os demais lugares do mundo:

“E, o ponto é: a nossa produção energética é limpa. Desta forma, diferentemente dos Estados Unidos, se implementarmos medidas similares às apresentadas pelo presidente Biden, os impactos na sustentabilidade seriam extremamente superiores ao do país norte-americano”, ressalta Aguiar.

Com os carros elétricos, teremos um exemplo para mostrar ao mundo: uma cadeira de produção e utilização dos automóveis com baixíssimo impacto no meio ambiente. Algo extremamente atrativo para os investidores que procuram práticas ESG nas empresas”, completa Rodrigo.

Carros elétricos e o Meio Ambiente em foco. Credito: Charge do Infomoney

Por outro lado, Aguiar considera que o Brasil ainda está bem atrás na eletrificação da frota. Para ele, as decisões de investimento no setor dos carros elétricos não podem ser deixadas para um outro momento, como tem sido feito.

“Quando pensamos em tomar a dianteira sobre a produção, utilização e comercialização dos automóveis elétricos, estaremos nos colocando em um mercado crescente e com inúmeras possibilidades de desenvolvimento em médio e longo prazo”, continua Aguiar.

De acordo com o especialista, ações precisam ser tomadas – o que perpassa, até mesmo, pela reforma tributária, que não é discutida no Congresso.

“Para alcançarmos os números definidos na projeção da ANFAVEA, de 62% dos novos veículos no Brasil serem elétricos em 2035, necessitamos, urgentemente, de decisões governamentais e planejamento”, ressalta Aguiar.

Além disso, o especialista aborda que é inegável que podemos nos tornar a referência de produção desses automóveis para a América Latina. No entanto, ele pensa que o Brasil não pode se dar ao luxo de aguardar de braços cruzados – enquanto outros países já estão desenvolvendo o setor dos carros elétricos.

Precisamos de decisões que garantam a posição do Brasil como um país estratégico para a produção automotiva, algo que representa desenvolvimento econômico e empregabilidade, dois pontos que precisam ser tratados com muita atenção no nosso atual momento”, complementa Rodrigo Aguiar.

(Foto: Divulgação/Nissan)

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Mas o que pode fazer, afinal?

O especialista explica que, além dos fatores econômicos, está a qualidade de vida. Ele cita exemplos, como os encontrados nos estudos realizados pela BreatheLife (2020).

Neste estudo, cidade de São Paulo revela um nível de poluição 60% superior ao das metas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Dessa forma, mostrando que não é uma questão apenas econômica, mas, a busca por práticas sustentáveis tem impacto real na vida das pessoas.

Por fim, Aguiar fala de dados da lBoomberg New Energy Finance. “Espera-se que, até 2040, 57% do total de vendas de veículos representará mais de 30% da frota de automóveis. Vamos esperar o resto do mundo tomar a dianteira e nos deixar para trás ou nos tornaremos referência nesse meio? Ainda há tempo para mudar”, conclui o especialista.

Rodrigo Aguiar, especialista e sócio da Elev

Escrito por

Erica Franco

Jornalista por formação com mais de 15 anos de experiência em redação geral e automobilística. Passagens pelo caderno "Máquina e Moto" do Jornal Agora São Paulo, Folha online, Jovem Pan, Uol, Mil Milhas, Revista Consumidor Moderno, Portal No Varejo, entre outros. Atualmente dedica-se a função de editora do portal Garagem360, apurando notícias do universo automotivo e garantindo o padrão de qualidade dos conteúdos veiculados.

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