CNH sem autoescola: o caminho para a inclusão ou um risco para o trânsito?

A CNH sem autoescola promete baratear o processo, mas levanta debates sobre a segurança no trânsito e o impacto no mercado de trabalho. Entenda os prós e contras da proposta que pode mudar a forma de obter sua habilitação.

O debate sobre a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) sem a obrigatoriedade de autoescolas continua ganhando força no Brasil. A proposta, em análise pelo Ministério dos Transportes, busca principalmente tornar o documento mais acessível, mas levanta preocupações sobre a segurança no trânsito e o impacto em um setor que emprega milhares de pessoas.

CNH sem autoescola: o caminho para a inclusão ou um risco para o trânsito?

A principal justificativa para a mudança é o alto custo para tirar a CNH, que atualmente varia entre R$ 3 mil e R$ 5 mil dependendo do estado. Esse valor, segundo o governo, é um impeditivo para a população de baixa renda, resultando em cerca de 20 milhões de brasileiros dirigindo sem habilitação.

O ministro dos Transportes, Renan Filho, defende a medida como uma forma de “democratizar” a CNH, estimando que o custo poderia cair para cerca de R$ 700, uma redução de até 80%.

A ideia é permitir que os candidatos estudem o conteúdo teórico online (EAD) ou com instrutores autônomos credenciados pelo Detran, sem a necessidade de uma carga horária mínima de aulas práticas.


 

CNH sem autoescola: o caminho para a inclusão ou um risco para o trânsito? Foto: Daiane Mendonça/ Secom
CNH sem autoescola: o caminho para a inclusão ou um risco para o trânsito? Foto: Daiane Mendonça/ Secom

 

Os desafios e os riscos

Apesar do apelo social da proposta, há fortes ressalvas. A Associação Nacional dos Detrans (AND) e a Federação Nacional das Autoescolas (Feneauto) alertam para as possíveis consequências negativas.

Segurança no trânsito: Especialistas em segurança viária e os Detrans temem que a falta de um acompanhamento profissional estruturado e a dispensa de aulas práticas obrigatórias possam resultar em condutores menos preparados.

Com cerca de 400 mil mortes no trânsito nos últimos 10 anos, a preocupação é de que essa medida possa piorar a letalidade nas vias do País. Aulas em veículos com duplo comando, por exemplo, oferecem uma camada de segurança essencial para o aprendizado.

Impacto no emprego: A Feneauto estima que o fim da obrigatoriedade das autoescolas poderia levar ao desemprego de cerca de 300 mil profissionais e ao fechamento de mais de 15 mil Centros de Formação de Condutores (CFCs) em todo o Brasil. O setor argumenta que a medida pode gerar insegurança e prejudicar a economia.

O que vem pela frente?

O debate ainda está longe de um consenso. Enquanto o Ministério dos Transportes prepara a minuta do projeto, a AND espera o documento para fazer uma análise técnica detalhada.

Uma Frente Parlamentar em Defesa da Educação para o Trânsito e da Formação de Condutores de Veículos Automotores foi criada na Câmara dos Deputados para defender a manutenção da qualidade da formação.

A proposta de CNH sem autoescola é uma faca de dois gumes: de um lado, busca resolver um problema de acesso e custo; do outro, levanta sérias dúvidas sobre a qualidade da formação dos novos motoristas e a segurança de todos no trânsito. A questão agora é como equilibrar a necessidade de inclusão social com a responsabilidade de manter as vias seguras.

Na sua opinião, qual é a melhor forma de tornar a CNH mais acessível sem comprometer a segurança no trânsito?

Leia aqui: CNH mais cara do Brasil: descubra onde tirar a carteira de motorista custa mais

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Robson Quirino
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Robson Quirino

Sou Robson Quirino. Formado em Comunicação Social pelo IESB-Brasília, atuo como Redator/ Jornalista desde 2009 e para o segmento automotivo desde 2019. Gosto de saber como os carros funcionam, inclusive a rebimboca da parafuseta.

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