BYD faz críticas à Toyota, GM, Stellantis e Volkswagen: “Tecnologia velha”
BYD disparou críticas contra Toyota, GM, Stellantis e Volkswagen, chamando suas tecnologias de “ultrapassadas”. Entenda o confronto
A batalha pelo futuro do setor automotivo no Brasil ganhou um novo capítulo com as duras críticas da BYD às gigantes Toyota, GM, Stellantis e Volkswagen.
A montadora chinesa não poupou palavras ao se referir às concorrentes, acusando-as de estarem “implorando” ao governo para barrar inovações e manter o status quo.
A disputa envolve, entre outras questões, a redução dos impostos sobre importação de carros e a modernização do mercado automotivo. Acompanhe o Garagem360 e entenda o que está por trás dessa troca de farpas entre as gigantes do setor.
BYD critica concorrentes e questiona “tecnologia velha”
A BYD usou um comunicado para rebater as críticas das montadoras tradicionais, acusando-as de oferecerem “tecnologia velha” e design desatualizado, o que, segundo a empresa, obriga os consumidores brasileiros a pagar caro por modelos ultrapassados.
Similarmente, o comunicado também se refere à redução de impostos para veículos importados, um pleito da BYD que foi contestado pela Toyota, GM, Stellantis e Volkswagen. A montadora chinesa alega que suas concorrentes tentam barrar o avanço tecnológico da indústria, temendo o impacto da inovação trazida pela BYD.
Esse confronto surgiu em meio à tentativa da BYD de garantir uma redução tributária para os veículos elétricos e outros modelos em fase de montagem na fábrica de Camaçari, na Bahia.
Embora a empresa tenha conquistado incentivos fiscais, a disputa com as concorrentes segue aquecida, com acusações mútuas de deslealdade e protecionismo.
O que está em jogo?
A princípio, a redução de impostos e a criação de um ambiente mais favorável para a indústria de veículos elétricos são pontos centrais no debate.
A BYD busca uma diminuição das alíquotas de importação de veículos, que atualmente são de 25% e devem subir para 35% até 2026. A montadora chinesa pede uma redução para 10% até julho de 2026, com a promessa de aumentar o conteúdo nacional até 2028.
Enquanto isso, as montadoras tradicionais defendem que os incentivos fiscais deveriam ser condicionados à produção completa dos veículos e não apenas à montagem.
Esse é um ponto crucial do impasse, pois as concorrentes alegam que a BYD já recebe benefícios fiscais antes mesmo de iniciar a produção plena de seus carros no Brasil, o que, para elas, configura um tratamento desigual.
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Como a guerra fiscal pode afetar o mercado de carros no Brasil?
A disputa entre a BYD e as grandes montadoras pode redefinir o cenário do setor automotivo no Brasil. A pressão para a redução de impostos sobre carros importados pode beneficiar a produção nacional de veículos elétricos, mas também levanta preocupações sobre os efeitos dessa mudança para as montadoras já estabelecidas no país.
Além disso, a competição entre as marcas pode acelerar a modernização do setor e oferecer mais opções para os consumidores, especialmente em termos de veículos sustentáveis.
O que está em jogo:
- Redução de impostos: Pleito da BYD para reduzir alíquotas de importação de veículos.
- Tecnologia e design: Críticas à tecnologia “ultrapassada” de Toyota, GM, Stellantis e Volkswagen.
- Impacto no mercado: Como a guerra fiscal pode influenciar a produção de carros elétricos no Brasil.
Leia na íntegra a carta da BYD
Por que a BYD incomoda tanto?
Empresa que trouxe carros tecnológicos, sustentáveis e mais acessíveis é atacada por concorrentes obsoletos
Dizem que o futuro chega de repente. Mas, às vezes, o que chega de repente é o e-mail. O da vez foi uma carta enviada por quatro das maiores montadoras brasileiras ao Presidente da República, implorando para ele abortar a inovação. É isso mesmo: pedem, com todas as letras, que o governo impeça a redução temporária dos impostos para quem ousa oferecer carros melhores por um preço mais justo.
Assinada por representantes da Toyota, Stellantis, Volkswagen e General Motors, a carta tem o tom dramático de quem acaba de ver um meteoro no céu. O problema não é o meteoro, claro. O problema é que ele está sendo bem recebido pelos consumidores — aqueles mesmos que, por décadas, foram obrigados a pagar caro por tecnologia velha e design preguiçoso.
Agora, chega uma empresa chinesa que acelera fábrica, baixa preço e coloca carro elétrico na garagem da classe média, e os dinossauros surtam. Não foi por acaso que uma concorrente reduziu o valor de um modelo elétrico em mais de 100 mil reais depois da chegada da BYD. Por que antes custava tanto?
A carta fala em “concorrência desleal”. Porque nada é mais desleal do que alguém jogar o jogo — e ganhar. Nada mais injusto do que montar um carro no Brasil sob o regime autorizado pelo governo, com data marcada para nacionalizar a produção, e ainda assim entregar um produto que as “locais” não conseguem nem sonhar em oferecer.
A reação da Anfavea e seus associados, infelizmente, não é novidade. Trata-se do velho roteiro de sempre: diante de qualquer sinal de abertura de mercado ou inovação, surgem as ameaças de demissões em massa, fechamento de fábricas e o fim do mundo como conhecemos. É uma espécie de chantagem emocional com verniz corporativo, repetida há décadas pelos barões da indústria para proteger um modelo de negócio que deixou o consumidor brasileiro como último da fila da modernidade.
A ironia é que enquanto as cartas se empilham em Brasília, os consumidores já tomaram sua decisão. Basta olhar os comentários nas redes sociais da própria Anfavea: “Lutar por carro mais barato vocês não lutam, agora querem nosso apoio pra que?”. Ou ainda: “Sempre vou dizer o seguinte: se a Anfavea está tão incomodada, é porque o outro lado vale a pena”. Os brasileiros querem andar para frente e não seguir em marcha a ré.
A redução temporária de imposto que a BYD pleiteia segue uma lógica simples e razoável: não faz sentido aplicar o mesmo nível de tributação sobre veículos 100% prontos trazidos do exterior e sobre veículos que são montados no Brasil, com geração de empregos locais, movimentação da cadeia logística e pagamento de encargos. Isso não é nenhuma novidade, outras montadoras já adotaram a mesma prática antes de ter a produção completa local.
E a BYD está fazendo isso. Em menos de um ano e meio, já está finalizando a primeira etapa das obras da fábrica em Camaçari (BA), no mesmo local onde outra montadora, que também era tradicional, desistiu do Brasil. Apenas o galpão de montagem final já é mais do que a metade do tamanho da antiga fábrica inteira. E o contrato com o Governo da Bahia já previa essa fase inicial de montagem enquanto o restante da estrutura é finalizado. Nada foi alterado. Tudo dentro do planejamento desde o começo.
O incômodo das concorrentes não tem a ver com impostos, nem com montagem, nem com empregos. Tem a ver com a perda de protagonismo. Com o fato de que um novo player chegou oferecendo mais e cobrando menos. Com o fato de que a tecnologia finalmente deixou de ser um luxo para poucos e virou realidade para muitos.
O que a BYD propõe ao Brasil não é um atalho nem uma esperteza fiscal. É uma visão de futuro com veículos mais limpos, mais seguros, mais conectados e com custo-benefício justo. Ajudar o Brasil a acelerar essa transição é um movimento estratégico não só para a marca, mas para o país.
O Presidente deveria ouvir essas cartas — e usá-las como prova de que está no caminho certo. Porque se os dinossauros estão gritando, é sinal de que o meteoro está funcionando.
BYD AUTO DO BRASIL
Formada em Administração de Empresas, Jornalismo e mestranda em Comunicação. Apaixonada por setor automobilístico, true crime e livros. Fez da escrita e produção de conteúdo sua paixão e profissão.