Vendas sobem 13%, mas decepcionam a indústria automotiva brasileira

As vendas da indústria automotiva no primeiro mês de 2023 cresceram 12,9% no Brasil, mas a Anfavea considera o resultado decepcionante

As vendas da indústria automotiva no primeiro mês de 2023 atingiram a marca de 142,9 mil unidades, com crescimento de 12,9% em relação a janeiro do ano passado, mas a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) considera o resultado decepcionante. 

“Este resultado tem de ser olhado com cautela, pois janeiro de 2022 foi um mês muito fraco, um dos piores da indústria devido à falta de insumos”, pondera o presidente da entidade, Márcio de Lima Leite.

Saiba por que a indústria automotiva considera ruim o resultado de janeiro

Vendas sobem 13%, mas decepcionam indústria automotiva

Aumento da produção é considerado “tímido” (Foto: Divulgação/Volkswagen)

Os patamares de venda continuam inferiores em relação a 2021, quando o setor já vivia os efeitos da pandemia de Covid-19. “Mas não é mais apenas um sinal de dificuldades de produção: a demanda em 2023 começa a dar sinais de desaceleração”, analisa Leite.

O presidente da Anfavea afirma que, com o resultado obtido em janeiro, será possível atingir o resultado projetado para o ano, de crescimento do mercado em 3%, com a marca de 2,17 milhões em vendas. No entanto, considera preocupante o cenário verificado no primeiro mês do ano. Veja aqui os carros mais vendidos em janeiro de 2023.

A produção de veículos atingiu a marca de 152,7 mil unidades, com crescimento de 5% em relação ao mesmo mês de 2022 – um resultado considerado “tímido”, já que naquele momento a indústria vivia o auge da crise dos semicondutores. Na comparação com 2021, quando foram produzidas 200,4 mil unidades, houve queda de 23,8%.

“O problema do mercado hoje é mais de demanda do que de oferta. O ano começa com o mercado automotivo desaquecido, em função das crescentes dificuldades de crédito e do clima de incertezas sobre o desempenho da economia em nível nacional e global ”, afirma Leite.

No balanço do mês de janeiro apresentado nesta terça-feira (7) pela Anfavea, o único ponto considerado realmente positivo foram os dados relativos às exportações de veículos. 

As vendas externas da indústria automotiva cresceram 19.3% na comparação com o mesmo mês de 2022, muito embora dois dos principais destinos dos veículos fabricados no País, Chile e Colômbia, tenham diminuído suas compras. Por outro lado, foi notada uma recuperação das vendas para a Argentina.

Anfavea inaugura sede em Brasília e incrementa relações com o governo

Vendas sobem 13%, mas decepcionam indústria automotiva

Relações com o Mercosul devem impulsionar exportações (Foto: Divulgação/Renault)

A Anfavea inaugurou uma sede em Brasília (DF), com o objetivo de estar mais próxima do poder e de incrementar as suas relações com o governo. Leite ressalta que, nas primeiras semanas do ano, executivos da indústria se reuniram com diversas autoridades públicas “para discutir o momento do setor”.

“O presidente Lula tem ressaltado o compromisso com a reindustrialização do País; tem criticado as altas taxas de juros – o que é música para nossos ouvidos”, destaca o presidente da Anfavea.

O executivo elogiou o status que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) adquiriu com o atual governo. “O BNDES é um instrumento muito importante para a alavancagem da indústria”, aponta.

Leite revela que a Anfavea já participa de discussões sobre a reforma tributária, “que é prioridade para nós”, e também considera como muito positiva a recente reaproximação do País com os demais países-membros do Mercosul.

“O mês de janeiro foi marcado por essa harmonia com o que o governo tem dito”, ressalta Márcio de Lima Leite.

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Paulo Silveira Lima
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Paulo Silveira Lima

Jornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.

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