Carro 0 km tornou-se mesmo produto para ricos? Fomos apurar
Está cada vez mais caro comprar um carro 0 km. Os modelos possuem reajuste e preços constantes e as altas taxas de juros dificultam a compra.
Quem tem o desejo de adquirir um carro 0 km tem que desembolsar uma quantia mínima de R$ 63 mil, valor do atual carro mais barato do Brasil. A notícia é que o cenário deve se manter assim por um bom tempo, e os carros 0 km devem continuar restritos a uma parcela mínima da população, tendo em vista o valor de investimento e as altas taxas de juros.
Está cada vez mais caro comprar um carro 0 km. Os modelos possuem reajuste e preços constantes e as altas taxas de juros dificultam a compra (Foto: Divulgação)
Preço nas alturas: carro 0 km é um sonho cada vez mais distante de grande parte dos brasileiros
Não é mistério para ninguém como adquirir um veículo no Brasil ficou mais caro. Seja um zero km ou um usado, os modelos valorizaram desde o início da pandemia. De acordo com um levantamento da Mobiauto, desde 2020, os carros 0 km ficaram cerca de 40% mais caros.
Além do reajuste constante de preços, as altas taxas de juros colaboram para afastar a possibilidade de compra dos veículos novos de grande parte da população.
O cenário do mercado automotivo brasileiro não é distante da realidade nacional. Para método de comparação, de acordo com o IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2021 7,2 milhões de brasileiros passaram a viver na pobreza.
Porém, mesmo com o retorno gradativo das atividades aos patamares anteriores ao período pré-pandêmico, dificilmente haverá uma queda significativa dos preços. Nesse caso, diversos fatores colaboram para o aumento no valor dos veículos.
O primeiro deles e talvez mais controlado é a escassez de chips usados nos veículos. Como o produto não é abundante, as marcas preferem destinar os poucos que existem aos carros mais completos, e consequentemente, mais caros. De acordo com especialistas do segmento, tal questão deve ser estabilizada a partir de 2023.
Carros mais baratos se aproximam dos R$ 65 mil (Foto: Divulgação)
Porém, mesmo com a falta de semicondutores controlada, dificilmente as marcas voltarão a produzir carros “básicos”, por um simples motivo: custa caro para a fabricante.
De acordo com Flavio Pandovan, sócio da consultoria MRD Consulting e ex-executivo de montadoras como Ford, Volkswagen e Jaguar Land Rover, “ a combinação de alta demanda com pouca oferta tradicionalmente faz com que a indústria elimine os veículos que proporcionam margem baixa e foque em automóveis com maior valor agregado.” Explica ele ao Uol Carros.
A explicação pode ser comprovada com a introdução do lançamento da linha 2023 do Renault Kwid, que deixou de disponibilizar ao público a antiga versão de entrada. O mesmo aconteceu de forma mais recente com o Chevrolet Onix, onde a versão Joy deixou de ser ofertada.
Consumidor mais exigente também é culpado
Outro motivo pelo qual os carros 0 km estão mais caros é o novo perfil de consumidor. Apesar dos altos preços, o brasileiro que procura um carro novo deseja o mínimo de conforto e tecnologia embarcada. Dessa forma, carros vistos como “básicos” e “pelados” ficam sem espaço no mercado nacional.
Hoje até mesmo os modelos mais em conta possuem itens de conforto e conveniência. O Renault Kwid, por exemplo, um dos carros mais acessíveis do país possui direção elétrica, assistentes de condução e central multimídia em suas versões mais completas.
Até mesmo os carros mais básicos contam com itens de tecnologia (Foto: Divulgação)
Jornalista e especialista em comunicação empresarial, com bagagem de mais de três anos atuando ativamente no setor automotivo e premiada em 2016 por melhor reportagem jornalística através do concurso da Auto Informe. Atualmente dedica-se à redação do portal Garagem 360, produzindo notícias, testes e conteúdo multimídia sobre o universo automobilístico.
