Setor automotivo ajusta para baixo suas expectativas para 2022
Os resultados decepcionantes do primeiro semestre do ano levaram a Anfavea a revisar para baixo suas expectativas para 2022.
Os resultados decepcionantes no setor automotivo obtidos no primeiro semestre do ano levaram a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) a revisar para baixo suas expectativas para o mercado automotivo nacional em 2022.
A nova projeção é de fechar o ano com 2,34 milhões de unidades produzidas, com uma ligeira alta de 4,1% sobre 2021 – um ano, em meio à crise da pandemia de Covid-19, que já não havia sido muito animador.
Caso esse nível de produção se confirme na prática, ficará 20,7% abaixo dos 2,95 milhões de veículos fabricados em 2019, último ano antes do período pandêmico. Veja em detalhes.
Primeiro semestre abaixo do esperado reduz o otimismo do setor
A previsão anterior da associação que congrega as montadoras instaladas no País era de que o setor cresceria 9,4% neste ano.
Mas, apesar da recuperação no segundo trimestre, os fracos resultados obtidos no início do ano impactaram os números do primeiro semestre, na comparação com o mesmo período de 2021. Em junho, o volume de produção acumulado chegou a 1.092 mil unidades, o que representou uma queda de 5% em relação aos primeiros seis meses do ano passado.
Porém, no segundo trimestre, houve crescimento de 20% da produção, em relação ao primeiro.
“A crise global dos semicondutores vem se prolongando mais do que esperávamos em janeiro, em função de novos fatores como a guerra na Ucrânia e os lockdowns na China causados pela nova onda de Covid, que afetam o fornecimento de insumos e a logística global”, explica o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite.
Junho último foi um dos meses mais positivos até aqui em 2022. A produção chegou a 203,6 mil unidades, superando a marca de 200 mil pela segunda vez no ano. A falta de oferta de veículos, no entanto, teve reflexo direto no recuo dos licenciamentos. No mês, os emplacamentos totalizaram 178,1 mil unidades, queda de 4,8% em relação a maio e de 2,4% sobre junho de 2021.
Descontado o feriado prolongado de Corpus Christi, a média mensal de vendas se manteve em 8,5 mil unidades, quantitativo igual ao de maio. No acumulado do semestre, houve uma redução de 14,5% nas vendas no mercado interno.
“Infelizmente esse é um fenômeno global, com números de queda muito semelhantes aos dos principais mercados do planeta”, analisa Leite.
Em função desse histórico recente, a Anfavea decidiu rever as perspectivas para o fechamento do ano, projetando chegar a 2.140 mil veículos licenciados ao final do ano, o que significaria um ligeiro crescimento de 1%.
Previsão é de alta superior a 20% das exportações em 2022
A boa notícia do semestre foi e recuperação das exportações, a despeito da crise econômica na Argentina. Graças ao aumento dos envios a países como Colômbia, Chile, Peru, México e Uruguai, as associadas da Anfavea registraram 246 mil unidades exportadas, sendo 47,3 mil em junho, melhor resultado mensal desde agosto de 2018.
O crescimento sobre o primeiro semestre de 2021 chegou a 23% em relação a unidades exportadas. O faturamento com as exportações foi ainda mais significativo, registrando alta de 33,7% – o que pode ser explicado pelo aumento no embarques de veículos de maior valor agregado.
A nova projeção da Anfavea para as exportações é de 460 mil unidades embarcadas para o exterior até o final do ano, o que representará, caso se confirme, uma alta de 22,2% na comparação com 2021.
Empregos em alta no ano no setor automotivo
O presidente da Anfavea também comemora o bom desempenho do setor quanto ao nível de empregos. Foram criadas 705 vagas apenas em junho, o que acarretou um total de 1.488 novos empregos desde o início do ano.
“Se consideramos as vagas de máquinas autopropulsadas, foram 2.700 novas vagas, que representam cerca de 27 mil empregos diretos e indiretos para a cadeia automotiva”, afirma Leite. “Em meio a tantas paralisações por falta de componentes, essas contratações revelam a resiliência das empresas do setor e uma aposta na recuperação do mercado.”
Jornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.