Crise nos transportes por aplicativo: motoristas contam que desistiram da Uber

Crise nos transportes por aplicativo: motoristas da Uber e 99, relatam os motivos pelos quais desistiram de atuar nas plataformas. Veja

Já faz um tempo que a insatisfação com os transportes por aplicativo, como a Uber e 99, faz com que alguns motoristas parceiros desistam das atividades – o que vem causando certo cenário de crise nos transportes por aplicativo. Veja alguns relatos.

Veja os principais motivos de desistência de motoristas da Uber

Veja os principais motivos de desistência de motoristas da Uber (Foto: divulgação)

Uber e 99: motoristas parceiros relatam porque desistiram da profissão

Aumento do combustível, muitas horas trabalhadas por lucros mínimos e falta de segurança durante as viagens são algumas queixas que fizeram com que muitos motoristas desistissem de trabalhar nas plataformas de transporte por aplicativo.

As plataformas por aplicativo começaram a atuar no mercado nacional por volta de 2014, logo, caíram no gosto do consumidor brasileiro, que encontrou através da modalidade formas de locomoção rápidas e baratas no comparativo com os táxis e mais confortáveis se comparado ao transporte público.

Além disso, as empresas serviram de auxílio para sanar as altas taxas de desemprego. Muitos enxergaram a oportunidade de realizar uma renda extra, bem como a possibilidade de usar a profissão como a fonte principal de sustento.

No entanto, as condições de trabalho na época eram bem diferente das atuais. O preço do combustível era menor, e os incentivos eram maiores.

Para método de comparação, de acordo com os registros da ANP, em 2014, o preço médio da gasolina durante o mês de abril era de R$ 2,988 o litro e de R$ 2,17 para o etanol.

Já durante o mesmo mês desse ano, o preço médio é de R$ 7,32 no caso da gasolina e de R$ 4,94 no caso do etanol.

Ou seja, em 2014 era possível encher um tanque de combustível de 50 litros com R$ 149,4. Já para encher o mesmo tanque em dias atuais, é necessário um investimento de R$ 366.

Em relato ao portal Brasil de Fato, Bruno Nascimento, informou que deixou de atuar na plataforma da Uber após conferir que estava “pagando para trabalhar”. O ex-motorista desistiu das atividades após cinco anos de atuação.

“Em 2017, eu gastava 27 reais de GNV por dia, em dois abastecimentos. Hoje em dia, você vai encher o cilindro de um carro, é R$ 60 para cima. Se o carro for alugado – e geralmente os aluguéis não ficam menos de R$ 500 por semana –, quanto você vai lucrar nisso?”

Veja os principais motivos de desistência de motoristas da Uber

Aumento do combustível não é o único fator (Foto: Pixabay)

Crise nos transportes por aplicativo: aumento do combustível não é o único fator

O aumento do combustível prejudicou diretamente o lucro final dos motoristas de transporte por aplicativo. No entanto, esse não é o único fator. As condições impostas para atuar na plataforma também são motivos de desistência.

No caso de Felipe Ferrari, morador da praia Grande, litoral de São Paulo, a saída da plataforma se deu pela necessidade do cumprimento da exigência de atuar com carros com no máximo dez anos de fabricação.

No entanto, conforme explicou ao Portal Brasil de Fato, os ganhos de em média R$ 2 mil ao mês, não davam condições de trocar de veículo.

Falta de suporte da Uber também entra na lista de questionamentos

Outro fator comentado foi a falta de suporte ou de apuração de erros em determinadas corridas.

Bruno relembra uma situação em recebeu uma mensagem da empresa informando uma penalidade no valor de R$ 39, preço de uma corrida que havia feito e posteriormente, o passageiro alegou não ter embarcado no carro. Segundo ele, a Uber cancelou o lucro sem apurar os fatos.

“Levei três meninas para o destino, e a pessoa que chamou informou no aplicativo que eu não tinha feito a corrida.

A Uber fez o pareamento dos celulares e viu que a pessoa que chamou realmente não tinha embarcado – deve ter sido a mãe de uma delas, que ficou no local de partida.”

Falta de insegurança e condições trabalhistas também são motivos de queixas entre os motoristas de transporte por aplicativo

Outro motivo diz respeito à segurança dos motoristas que, por vezes, entram em áreas de risco, porque, segundo Bruno, caso façam desvios, há penalidades, já que a empresa considera como fraude.

“Muito colega perdeu a vida. Muitos entram em área de risco porque, se desviar o caminho, a empresa considera que houve fraude, e você pode ser bloqueado e ficar sem receber.”

Ele também comenta a falta de suporte humano, e que no caso da Uber, a maioria das mensagens é de forma automática e programada.

Para ter uma noção da taxa de desistência de motoristas do aplicativo, a reportagem procurou a empresa solicitando os dados de quantos motoristas estavam ativos da plataforma durante o início de 2021 e 2022.

Procurada pela reportagem do Garagem360 , a Uber respondeu não ter as estimativas de quantidade de motoristas parceiros, até o fechamento.

Fim de março marcou protestos da classe de motoristas da Uber e 99

Conforme apurado pelo Garagem360, durante o fim de março, houveram protestos da categoria que exige melhores condições de trabalho.

Durante a paralisação, a categoria solicitou um valor mínimo de corridas em R$ 10, além de uma regulamentação da profissão, tendo em vista que atualmente os profissionais não possuem qualquer vínculo empregatício bem como direito trabalhista.

Além disso, eles pedem porcentagem fixa da Uber em 20%, e reajuste no valor mínimo da quilometragem.

Outras questões como informações mais detalhadas do local de destino, visando a segurança dos trabalhadores, incentivos para bons motoristas, e bolsões em áreas de embarque e desembarque de aeroportos também foram solicitadas.

Veja os principais motivos de desistência de motoristas da Uber

Falta de segurança também foi relatada (Foto: Divulgação)

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Nicole Santana
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Nicole Santana

Jornalista e especialista em comunicação empresarial, com bagagem de mais de três anos atuando ativamente no setor automotivo e premiada em 2016 por melhor reportagem jornalística através do concurso da Auto Informe. Atualmente dedica-se à redação do portal Garagem 360, produzindo notícias, testes e conteúdo multimídia sobre o universo automobilístico.

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