Carros elétricos estão mais acessíveis, mas falta ponto de recarga
Os carros elétricos estão crescendo no mercado nacional. No entanto, ainda falta investir em estrutura para comportar os veículos, veja.
De acordo com os dados, a procura por carros elétricos só cresce, seja pela alta da gasolina, investimento em longo prazo, bem como questões de poluentes e outros. No entanto, os pontos de recarga ainda são escassos no país.
Carros elétricos serão o futuro, mas ainda falta investir em estrutura de pontos de recarga
Conforme os dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico, a ABVE, o mercado de automóveis e comerciais leves eletrificados no Brasil apresentou em 2021 o melhor resultado da série histórica da entidade, com o recorde absoluto de 34.990 unidades vendidas.
Os números superaram todas as previsões da ABVE e representam um aumento de 77% sobre os 19.745 emplacamentos de 2020 e de 195% sobre os 11.858 de 2019, período anterior à pandemia.
Com 3.435 emplacamentos, as vendas de veículos eletrificados no Brasil tiveram o melhor mês de fevereiro da série histórica, segundo os últimos dados da ABVE.
Esse número equivale a um aumento de 147% sobre fevereiro de 2021 (1.389) e de 34% sobre janeiro de 2022 (2.558).
Corresponde também a 2,8% das vendas domésticas totais de automóveis e comerciais leves no Brasil, que foram de 120.192, segundo a Fenabrave.
Essa evolução indica que os eletrificados conquistam gradativamente mais participação no mercado doméstico total.
Em janeiro, por exemplo, o market share dos eletrificados foi de 2,2%. Em 2021 (janeiro a dezembro), de 1,8%.
Esses números referem-se à soma de automóveis, comerciais leves e utilitários/SUV híbridos (HEV), híbridos plug-in (PHEV) e 100% elétricos (BEV).
A frota de eletrificados leves no Brasil já é superior a 82 mil veículos, devendo ultrapassar a marca dos 100 mil no início do segundo semestre.
Considerando somente os elétricos plug-in, os PHEV ficaram com 20% das vendas do segmento e os BEV com 12% (BEV), com um total de 1.091 unidades emplacadas em fevereiro, ou 0,9% de market share.
Os desafios existentes para o crescimento dos carros elétricos no Brasil
No entanto, segundo o presidente da ABVE, Adalberto Maluf, esse crescimento é positivo, mas pode e deve ser muito melhor.
“As vendas no Brasil estão crescendo. Entretanto, se compararmos só os veículos elétricos (BEV+PHEV), o Brasil emplacou apenas 0.9% do total em fevereiro”.
Ele comparou esse percentual com o da Alemanha, por exemplo, cujas vendas de elétricos (BEV + PHEV) saltaram de 3% do mercado local em 2019 para 26% em 2021 (25% em fevereiro de 2022).
Ou com a China, cujas vendas de veículos leves de “novas energias” (BEV + PHEV) atingiram 13% do gigantesco mercado do país em 2021. Na Europa, esse market share chegou a 17% no ano passado. Nos Estados Unidos, a 4%.
O mercado global de elétricos leves (BEV + PHEV) alcançou 8,3% das vendas totais, com 6,7 milhões de veículos vendidos em 2021 (EV Volumes).
“Esse cenário deve se transformar num desafio para a inserção das fábricas brasileiras nas cadeias produtivas globais” – acrescentou o presidente da ABVE.
“Se não avançarmos muito mais na eletrificação do transporte, correremos o risco de ver mais fechamentos de parques produtivos no Brasil”.
Falta pontos de recarga disponíveis
Ou seja, mesmo com a boa introdução dos veículos no mercado nacional, ainda falta investimento em infraestrutura e incentivos para a categoria.
De acordo com um levantamento realizado pela Anfavea ainda em 2021, em 2035, 62% da frota de carros nacionais 0 km, será de propulsores elétricos. No entanto, para isso, é necessário investir em estrutura urbana.
Atualmente, a maioria dos eletropostos são derivados de iniciativas privadas que estimulam a venda de seus veículos. No entanto, o mercado ainda é concentrado em um único local.
Para método de comparação, 49,31% dos pontos de recarga estão localizados em São Paulo, seguido por Santa Catarina (11,03%), Rio de Janeiro (9,31%) e Paraná (7,93%).
Senado aprova Frente pela Eletromobilidade: novas discussões devem ser estimuladas
O Senado Federal aprovou em março, a criação da Frente Parlamentar Mista pela Eletromobilidade.
O objetivo é defender políticas de energia renovável e eletromobilidade no Brasil.
“A Frente pela Eletromobilidade é de grande importância para o país. É o Congresso Nacional se integrando ao debate mundial sobre transportes e energias renováveis” – disse o presidente da ABVE, Adalberto Maluf.
“A eletromobilidade é a grande fronteira tecnológica da economia mundial, e a Frente Parlamentar ajudará o Brasil a inserir a sua economia nessa transição o mais rápido possível”, completou.
Para a ABVE, o principal objetivo da Frente é apoiar uma Política Nacional de Eletromobilidade. O foco dessa política deve ser orientar a transição da matriz de transportes brasileira para uma economia de baixo carbono e baixa emissão de poluentes.
O plenário do Senado aprovou a criação da Frente Parlamentar Mista pela Eletromobilidade a partir do Projeto de Resolução (PRS) 64/2021, do senador Rodrigo Cunha (PSDB-AL).
Segundo o PRS 64/2021, a Frente tem por objetivo “promover debates e iniciativas a respeito de políticas públicas e outras medidas que estimulem a eletromobilidade no Brasil, como o uso do carro elétrico”.
O senador Rodrigo Cunha afirmou que “a eletromobilidade é a mais importante ferramenta para alterar a realidade caótica das cidades, Barata, rápida e sem poluir, é capaz de transformar a vida de cada um dos habitantes de uma cidade, direta ou indiretamente.
Jornalista e especialista em comunicação empresarial, com bagagem de mais de três anos atuando ativamente no setor automotivo e premiada em 2016 por melhor reportagem jornalística através do concurso da Auto Informe. Atualmente dedica-se à redação do portal Garagem 360, produzindo notícias, testes e conteúdo multimídia sobre o universo automobilístico.