Redução do IPI traz esperança, mas guerra preocupa setor automotivo: diz Anfavea
Para Anfavea, redução das alíquotas do IPI traz a esperança de um ano melhor. Porém, guerra entre Rússia e Ucrânia é complicador
Após um primeiro mês mais fraco, a indústria automobilística apresentou discreta melhora nos indicadores em fevereiro. É o que aponta o mais recente balanço divulgado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Além disso, o presidente da Associação esclarece a questão do IPI reduzido X Guerra na Ucrânia.
Anfavea fala da Redução do IPI frente a guerra entre Rússia e Ucrânia
Segundo o presidente da associação, Luiz Carlos Moraes, a redução das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), anunciada pelo governo no mês passado, traz a esperança de um ano melhor. Porém, o conflito armado entre Rússia e Ucrânia implica motivos para preocupação.
IPI reduzido X guerra na Ucrânia
De acordo com Moraes, o setor automotivo foi surpreendido por duas notícias simultâneas no fim de fevereiro, uma muito positiva, a outra alarmante.
A boa nova foi a redução de 18,5% do IPI para automóveis e comerciais leves. “É sempre muito bem-vinda qualquer proposta que alivie a pesada carga tributária sobre a indústria de transformação no Brasil”, afirma. “A redução do Custo Brasil, embora ainda tímida, é benéfica não só para o setor industrial, mas também para a geração de empregos, para os consumidores e para a sociedade como um todo.”
Por outro lado, o setor vê “com enorme perplexidade” a invasão da Ucrânia pela Rússia. “Em primeiro lugar, nos preocupa o aspecto humanitário, com tantas mortes, inclusive de civis, e uma legião de refugiados tentando chegar a países vizinhos, incluindo brasileiros”, diz Moraes.
“Ainda é cedo para avaliarmos os inevitáveis reflexos negativos sobre a economia global e sobre o fluxo da cadeia logística do nosso setor”, pontua. “Mas estamos atentos e preparados para mitigar os danos e buscar alternativas em caso de falta de insumos ou componentes”, complementa.
Para o presidente da Anfavea, após a pandemia o mundo pode sofrer novos e duros golpes caso o conflito não seja resolvido “com um cessar-fogo imediato e com a volta da diplomacia”.
O balanço de fevereiro
Mesmo com um dia útil a menos, a produção atingiu 165,9 mil unidades em fevereiro, o que significa um crescimento de 14,1% em relação a janeiro. O primeiro bimestre do ano tem desempenho 21,7% inferior ao do mesmo período de 2021, quando ainda não existia a crise de abastecimento de semicondutores.
Os licenciamentos totalizaram 129,3 mil veículos, 2,2% a mais que em janeiro e 22,8% a menos em relação a fevereiro do ano passado.
Resultado bem mais expressivo veio das exportações, com 41,4 mil unidades enviadas a outros países – 49,6% a mais que em janeiro e 25,4% superior a fevereiro de 2021. No acumulado do bimestre, os embarques para o exterior cresceram 17,3% sobre igual período do ano passado.
Já os estoques nas fábricas e nas redes de concessionárias cresceram de 114,4 mil veículos para 120,1 mil no fim de fevereiro, permitindo leve redução nas filas de espera para os modelos de maior procura e os lançamentos recentes.
Jornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.