Ford reduz em 70% as lesões de seus “atletas industriais”

A empresa também diminuiu em 90% os problemas de ergonomia, como a sobrecarga dos movimentos

Nos últimos 12 meses, a Ford reduziu em 70% a taxa de lesões em mais de 50 mil “atletas industriais” das linhas de montagem dos Estados Unidos. O resultado é consequência do trabalho dos profissionais da área da engenharia de manufatura virtual da montadora, que utilizam a tecnologia para adiantar os ajustes necessários na linha de montagem, antes mesmo de o veículo ser produzido pelos trabalhadores.

De dois a três anos antes do lançamento de um automóvel, os ergonomistas da Ford simulam o processo de fabricação, utilizando manequins humanos virtuais para avaliar o trabalho físico necessário para a sua construção. Para reduzir esforços, tensão e lesões, os dados obtidos são empregados para orientar as soluções de engenharia antes de implementar as tarefas na linha de produção.

Segundo o Michael Torolski, diretor executivo da operação de engenharia de manufatura de veículos da Ford, o objetivo é proporcionar um ambiente de trabalho seguro, saudável e produtivo na montadora. “Os processos virtuais e ergonômicos auxiliam nossa estratégia de redução de lesões e permitem anteciparmos as mudanças da tecnologia de produção”, diz Torolski.

De modo geral, os especialistas em ergonomia realizam mais de 900 avaliações de montagem virtual para cada lançamento de automóvel, focando, principalmente, em três tipos de tecnologias: captura dos movimentos do corpo, impressão 3D e realidade virtual imersiva. Por fim, cada uma delas fornece dados para avaliação da segurança durante o processo de montagem feito pelos trabalhadores.

Mas, engana-se quem acha que essas inovações ganharam espaço só agora. Tecnologias similares são utilizadas há mais de 30 anos nos esportes profissionais para melhorar as técnicas dos atletas e ajudá-los a evitar lesões. E é por conta da utilização destas ferramentas no desenvolvimento dos produtos, que os trabalhadores das linhas de montagem são chamados de “atletas industriais”.

Até hoje, os profissionais de ergonomia da empresa já trabalharam no lançamento de mais de 100 veículos globais, utilizando as ferramentas de manufatura virtual. Por meio de investimentos significativos, a montadora não reduziu apenas a taxa de lesões, mas também diminuiu em 90% os problemas de ergonomia, como a sobrecarga dos movimentos e as tarefas que envolvem peças e partes de difícil instalação.

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Tipos de tecnologias

Captura de movimentos do corpo

Oferece dados de como um trabalhador usa seu corpo para se mover e realizar suas tarefas. Por meio de mais de 52 pontos de captação de movimentos colocados nos braços, nas pernas, nas costas e no tronco, os ergonomistas podem gravar mais de cinco mil dados para avaliar a força e fraqueza musculares, tensão conjunta e desequilíbrio corporal.

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Captura de movimentos do corpo faz parte dos testes virtuais realizados pela Ford | Foto: Divulgação

Impressão 3D

É usada para verificar o curso da mão durante o processo de montagem dos veículos quando a simulação virtual apresenta resultados incertos. Trabalhadores com diferentes tamanhos de mãos usam a peça de impressão 3D para testar o quão justo será o espaço na montagem, ajudando a tomar as melhores decisões para o processo de produção.

Realidade virtual imersiva

Neste caso, utiliza-se um sistema de 23 câmeras de captura de movimentos e um head-mounted display – capacete que oferece um ambiente de realidade virtual – para introduzir o trabalhador no local de trabalho. Os movimentos são avaliados para determinar a viabilidade e a proficiência das tarefas.

Talita Morais
Escrito por

Talita Morais

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