4 carros com correia banhada a óleo pra pensar duas vezes antes de comprar

Pense duas vezes antes de comprar: Veja 4 carros populares (Ford Ka, Onix Hatch/Sedan e Tracker) com a polêmica correia banhada a óleo. Entenda!

O sistema de correia dentada banhada a óleo (Belt in Oil ou BIO) foi lançado como uma solução engenhosa para unir a durabilidade das correntes de comando ao baixo ruído das correias de borracha, prometendo maior eficiência e trocas apenas a cada 240.000 km. No entanto, na prática do mercado brasileiro, essa tecnologia se tornou um calcanhar de Aquiles para alguns dos carros mais vendidos.

4 carros com correia banhada a óleo pra pensar duas vezes antes de comprar

A principal vilã dos problemas é a manutenção incorreta, especialmente o uso do óleo errado ou de má qualidade. O lubrificante inadequado faz a correia se degradar e esfarelar precocemente, entupindo dutos e a bomba de óleo, o que pode levar à temida quebra do motor e custos de reparo altíssimos, que chegam a milhares de reais.

Reunimos quatro modelos populares no Brasil que adotaram essa tecnologia e exigem atenção redobrada antes da compra, especialmente no mercado de usados.

1. Ford Ka (Motores 1.0 e 1.5)

A Ford foi uma das primeiras a introduzir o sistema BIO no Brasil com a família de motores Dragon de três cilindros, presente no Ka (hatch e sedan) e no EcoSport (motores 1.5).

  • Modelos Afetados: Ford Ka (a partir de 2015, motores 1.0 e 1.5) e EcoSport (1.5, a partir de 2019).

  • O Risco: Embora a Ford tenha prometido alta durabilidade, a má fama pegou. No caso dos Ka usados, que foram amplamente utilizados por locadoras e frotas, é quase impossível garantir que o óleo correto foi sempre utilizado.

  • A Dica: Se for comprar um Ka com motor Dragon usado, a inspeção da correia e a troca preventiva (que é cara) antes da quilometragem recomendada é a melhor forma de evitar uma “bomba” mecânica.

Ford Ka – Foto: Divulgação

2. Chevrolet Onix Hatch (a partir de 2020)

O hatch que já foi o mais vendido do país na segunda geração (a partir de 2020) e seu irmão sedan, o Onix Plus, utilizam os motores da família CSS (1.0 aspirado, 1.0 Turbo e 1.2 Turbo) com correia banhada a óleo.

  • Modelos Afetados: Chevrolet Onix e Onix Plus (a partir de 2020, todos os motores 3 e 4 cilindros CSS).

  • O Risco: A alta popularidade do Onix, especialmente entre motoristas de aplicativo e frotas, concentra a maior parte das reclamações. A GM defende que o problema está no uso de óleo fora da especificação correta ou de combustível adulterado, que contamina o lubrificante e degrada o material da correia. Há relatos de correias esfarelando com menos de 60.000 km.

  • A Dica: A GM chegou a aumentar a garantia desse componente para 240.000 km de forma retroativa, mas o benefício só é válido para quem seguir rigorosamente o plano de manutenção na rede autorizada. Ao comprar um usado, exija o histórico completo de revisões.

Chevrolet Onix e Onix Plus - Foto: Divulgação
Chevrolet Onix e Onix Plus – Foto: Divulgação

3. Chevrolet Onix Sedan / Onix Plus (a partir de 2020)

Compartilhando a mesma base mecânica e os mesmos motores da família CSS (1.0 aspirado, 1.0 Turbo e 1.2 Turbo) que o hatch, o sedan também entra na lista.

  • Modelos Afetados: Chevrolet Onix Plus (a partir de 2020).

  • O Risco: Assim como o hatch, o sedan se tornou um alvo de críticas pelo alto custo da manutenção preventiva. Em alguns casos, a troca da correia pode custar acima de R$ 5.000, além da necessidade de troca de todo o sistema de lubrificação afetado pelos resíduos.

  • A Dica: A Chevrolet tem implementado uma nova peça, mais resistente a óleos de baixa qualidade para modelos mais recentes, mas o problema persiste: se não usar o lubrificante que atenda à especificação exata do manual, a durabilidade será comprometida.

4. Chevrolet Tracker (a partir de 2020)

O SUV compacto da Chevrolet, que utiliza os motores 1.0 Turbo e 1.2 Turbo (os mesmos do Onix/Onix Plus), também é um modelo com o sistema BIO sob o capô.

  • Modelos Afetados: Chevrolet Tracker (a partir de 2020).

  • O Risco: Apesar de o volume de queixas ser menor que o do Onix devido à sua menor popularidade em frotas, o risco é idêntico. O motor 1.2 Turbo, em particular, requer a mesma atenção rigorosa com o óleo. Se a correia falhar, o motor pode fundir.

  • A Dica: Para os carros da GM, as concessionárias são o lugar mais seguro para fazer as trocas de óleo. Para o motorista, a regra é simples: o barato pode sair caríssimo. Siga à risca a especificação do lubrificante no manual, sem substituições ou improvisos.

Chevrolet Tracker - Foto: Divulgação
Chevrolet Tracker – Foto: Divulgação

Leia aqui: Chevrolet Onix perde fôlego: correia dentada melada no óleo pode ser a vilã

Conclusão: O preço da negligência

A tecnologia de correia banhada a óleo não é, por si só, um erro de engenharia. Ela traz vantagens em eficiência e redução de ruído. O que a torna um pesadelo no Brasil é a cultura de manutenção precária, somada à baixa fiscalização do mercado de óleos lubrificantes e combustíveis.

Se você está pensando em comprar qualquer um desses quatro modelos, especialmente usados, saiba que a economia na troca de óleo pode se transformar em um prejuízo de motor. A correia banhada a óleo exige um compromisso de manutenção disciplinada e de qualidade que nem todos os proprietários estão dispostos a assumir.

Você confia nos carros que utilizam essa tecnologia, ou prefere a segurança de uma corrente de comando tradicional?

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Robson Quirino
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Robson Quirino

Sou Robson Quirino. Formado em Comunicação Social pelo IESB-Brasília, atuo como Redator/ Jornalista desde 2009 e para o segmento automotivo desde 2019. Gosto de saber como os carros funcionam, inclusive a rebimboca da parafuseta.